Casa d'Aldeia é a casa original, a mais antiga habitação de minha cidade natal Cachoeira do Sul. Habitação, que, igual a cidade, apesar de tantos golpes de vento e borrascas sazonais teima em manter ao menos duas paredes de pé. Casa d'Aldeia é a minha casa. Seja bem vindo a ela!
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5 de dez. de 2010

RONHAS & CAMBALACHOS

Vi muitos filmes, de todo gênero, de todas as épocas e eras cinematográficas, desde a pré-história - tempos do cinema mudo, até a animação virtual que independe da intervenção humana... O dramas humanos são sempre os mesmos, não mudam, sempre os mesmos. Os mesmos assuntos, as mesmas pendengas, celeumas, as mesmas discussões e conflito. Entre homem e mulher a pataquada é sempre a mesma. Ainda não inventamos alguma coisa nova, é sempre a mesma, com poucas variações sobre o mesmo "tema"... Assistir uma discussão entre um casal sem participar dela; ouvi-la passivamente, é estranho, todavia revelador - sumamente revelador. Ouvem-se os tons das vozes, percebe-se as tensões demonstradas pela impostação vocal. Uma ou outra nota mais aguda, mais grave, as timbragens modulando conforme a intenção do interlocutor. O acúmulo de tensão, num crescente, até atingir um ápice que deflagre uma reação - e essa, pode ser de cunho físico, agressiva.Um fala mais, sobrepuja o outro em argumento. A mulher evoca mais fatos,tem uma reserva enorme de argumentos, o homem fala pouco, na verdade não deseja estar ali.Ela desbragada, sob a aparência coerente de um discurso verborrágico. Sem razoabilidade. Ele paralisado, num ouviu metade do que ela disse. Os seres humanos não são reconhecidamente bons em matéria de razoabilidade. Pouco adiantou aparecerem dentre os homens gigantes do intelecto do çorte de um Descartes, um Diderot, um Shakespeare um Freud, um Marx: tanto o Carl quanto o Grouxo... Continuamos os mesmos, descomissionando todo bom senso. Abafando a temperança. Aniquilando a calma. Implodindo a paciência. Dinamitando a concórdia... Porque ninguém mais tem saco pra consertar as merdas que faz aos outros e a si mesmo. Pena, não é mesmo? Mas, pensando bem, até que não acho que seja tão ruim assim...

METAMORPHOSIS





Não seria verdadeiro, mas temerário afirmar que, se comparado ao estilo consagrado pela turma de sambistas do morro do Estácio no Rio de Janeiro, nosso samba regional soa tão distintamente a ponto de representar  uma espécie de fóssil musical. Algo que não evoluísse e se adaptasse ao movimento perpétuo dos padrões de estilo de época estaria simplesmente fadado ao desaparecimento. Nosso Samba regional, ainda que tardiamente, também sofreu influências e modificações implantadas por músicos profissionais versados em teoria musical, que, igualmente adeptos ás modas, lundus, marchas, polcas, maxixes e choros, incorporaram a nossa batucada uma maneira  nova de execução. Disciplinando, e talvez suavizando sua rudeza original. Entretanto isso não se mostrou o suficiente para descaracterizá-la por completo, e nosso Samba se manteve próximo ao que era, soando similar á antiga batucada do Quicumbi.
Conquanto os salões particulares e dos clubes sociais cachoeirenses, por ocasião de seus festejos (fosse ou não carnaval) ofertassem aos convivas um repertório musical baseado em polcas, valsas e operetas, executadas a esmero pelas bandas locais, é curioso especular em que ocasiões, e de sob qual acompanhamento musical as camadas menos favorecidas da sociedade celebravam.
Em 1910 o samba e o choro já eram populares em Cachoeira junto às camadas mais pobres da população. Junto deles o maxixe, o lundu, a marchinha e a onipresente modinha.
Em casa de gente humilde, nos terreiros da periferia, o Samba, naquela época bastante influenciado pelo batuque do Quicumbi era presença constante. Qualquer ocasião era pretexto para uma roda de samba.
Ainda que os jornais da época deem conta de enorme repressão exercida pela classe dominante, via aparelho policial, sobre essas reuniões quando ocorriam em lugares próximos ao centro da cidade. Certo é que os enfezados "festeiros" não se intimidavam ante a desdita quase certa: irem dormir no xilindró. Conduzidos até lá debaixo de pancada. Assim sendo a fuzarca estava garantida. Fosse onde fosse. Nas ruas centrais de Cachoeira ou nos terrenos ermos e chãos dos arrabaldes como o Jacaré no fim da Rua Félix da Cunha. Na Coxilha do Fogo, então somente um campo de invernada com pastagem para o gado, ou na zona norte da cidade da Cachoeira, nas grotas da antiga Fazenda Tibiriçá. Cujos proprietários escravistas, para se gabarem de generosos talvez, decidiram doar parte de uma área - imprestável para compor pastagem pela quantidade de pedras à flor do solo, e, pelo íngreme terreno, onde seus ex cativos puderam erguer seus mocambos
Lá vibravam até o amanhecer o Tibitibi, o Canguenguera (tambores do Quicumbi), junto às gaitas - cromáticas na maioria das vezes; violões e rabecas. Preparando a volta do Quicumbi á avenida de onde se viu sacado com a chegada do imigrante europeu. Para voltar com outra roupagem. Transfigurado no Samba. Samba de sotaque regional que embalou a periferia em sua retomada das ruas por volta de 1928. Quando o Carnaval assumiu os contornos de verdadeira festa popular em Cachoeira.

3 de dez. de 2010

RATO NO TUBO

No SBT do Silvio Santos tem um programete pra crianças, passam desenhos bacanas, as crianças telefonam concorrem a brindes muito bons: playstation III, psp, carrinhos de controle remoto, computadores, bicicletas, celulares... Uma beleza. Queria mesmo ligar. Fico com vergonha do Yudi, nome do apresentador pré adolescente ou da sua colega Priscila perguntarem, perguntinhas de praxe: - Quem tá falando?

Eu, tentando disfarçar a voz, pensando em parecer mais jovem. Coisa impossível pra quem conhece minha voz abaritonada e alta: - É Alexandre.
- Cê fala de onde Alexandre?

Eu: - To falando do Rio de Janeiro, mas sou Sul Rio-Grandense...
- Ah, beleza! Diz Yudi meio desconcertado... Você costuma assistir o programa? Quantos anos cê tem?

Eu: - Costumo sim! Tenho 45 anos, por quê? Tem algum problema em um cara adulto, um cara maduro, ficr olhando desenho na televisão e ligar pra tentar a sorte no Rato no Tubo?

- Ah, não. Legal. Nada a ver, tudo bem... desconfortáveis... é que ninguém nunca ligou, a gente estranha. Bem o Alexandre, cê conhece a prova do Rato no Tubo?

Eu, num guentando mais: - Conheço. Conheço desde que me conheço por gente. E tem muito rato dentro desse tubo, cuidado! Tu podes agora mesmo estar te metamorfoseando em rato. Cuidado com os tubos, catódicos ou não catódicos. Vocês sabem o que é um tubo catódico?? De raios catódicos?

Eles: - Hã??? Num sei não...
Eu: - É o primeiro efeito...
Eles: - Que efeito Alexandre?
Eu: - Da metamorfose em rato.
Eles: - Por quê?
Eu: - Os ratos desistem de aprender coisas que não se refiram à comida, e às trilhas de migalhas.
Eles: - Ahhh! Entediados... Mas Alexandre! Você já escolheu o rato??
Eu: - Não, não escolhi nenhum rato não. Não quero nenhum rato. Prefiro felinos, os gatos são grandes auxiliares dos homens historicamente. No Egito antigo havia uma deusa gato: Bastit. Sem os gatos os egípcios não conseguiriam manter estoque de cereais por conta do ratos. Talvez por isso a biblia relate um perído de fome no Egito antigo no tempo de Ramsés.
Eles chateados: - Alexandre, infelizmente acabou seu tempo... Tchau, tchau.

Por isso eu não ligo pro programa Bom Dia & Cia. Justamente por conta de que meu tempo acabou há alguns bons anos...

1 de dez. de 2010

ZONA DE CONFORTO

Olho, observo - eu to ligado, to sim... "O morro não tem vez/e o que ele fez/já foi demais..//" Escreveu  "São Tom Jobim". Todavia, parece que chegou a vez do morro... Duzentos anos depois das ocupações & aquilombamentos irregulares, desde o tempo que se transportavam dejetos em pipas imensas pra despejar na Baía da Guanabara - certo, mudou um pouco o panorama, os emissários marítimos despejam toneladas de bosta por segundo bem lonje da praia... Será? Bueno... A zona de conforto de todo bom burguês começa pela sociedade cordeira. Reparem. O trocadilho é infame, cordeira ao invés de ordeira. Ordeira toda sociedade deve ser mas, cordeira é uma faceta que não me agrada. A uma sociedade cordeira prefiro a desordem mesmo. Não o crime, mas a desordem & desobediência. Ninguém aguenta o repuxo?? Se cagam de medo, né? O medo é uma coisa estranha. Conheço o medo. Quando preteia o olho da gateada e o sujeito ameaça se afrouxar, depois vira um leão e se arroja sem plano pra cima da ameaça. Por isso o medo é perigoso. Ele contempla erros de avaliação.
Pois bem, a zona confortável para o asfalto que depende da alegria em pó e da marijuana como combustível do "jet set nacionar" é saber que os powerful, os mighty, forceful and outros adjetivos na língua romanche de Shakespeare choram a derrocada dos "alemão". Acovardados. Chinelões & fuleiros "alemães" propiciando ao vivo cenas de absoluto ridículo. Perdendo chinelinhos e pés de tênis em disparada pelas estradinhas de terra. Encagaçados...
Que aprendam a lição. Mesmo a sociedade criminosa se não prevê a ordem, a disciplina férrea, não sobrevive. Porque tal disciplina implica na aquisição de cultura diversa. Vide a Arte da Guerra de Sun Tzu, as memórias de Júlio César, Alexandre Magno, Xenofonte, Patton, Bradley, Mao... Sem sabedoria não há nada além de um vazio estranho e límbico, onde nem mesmo a desordem pode se instalar sem planejamento, "sem base" como diz sabiamente Marianna Blanc. Sem nenhuma perspectiva de verdadeira revolução.

23 de nov. de 2010

UM CORAÇÃO

Viejo corazón... o de meu pai fraquejou no dia derradeiro de 31 de julho de 1982. Eu não soube de nada até que se tivesse consumado sua vida e ele já não respirasse a modorra fria do lugar onde morávamos... Viejo corazón. Na pieguice de sentimentos & confusões, decantado, me vejo sem querer lutar contra teus reinóis - estou à tua mercê!
Viejo Corazón, operário laborioso e sem soldo, não lembro de ter sentido algum protesto. E, mesmo em face da aflição atendias quando te rogava: Shhhh, acalma-te criança o tempo ainda não é já. Ainda não vais partir pra outros caminhos menos densos, outras sendas mais suaves, menos rudes sendas onde as paixões consumidoras se resolvem por esquecimento. Viejo amigo, perdi tuas redeas, te soltaste em disparada e não há freio para uster essa carreira louca capaz de precipitar-no num preccipício. Num abismo fundo, desventuroso, donde sequer um prisco de luz pode ecapar. Viejo Corazón, curtido "por la milonga" triste de uma vida a esperar ter mais e mais paciência. Mais e mais tolerância, mais e mais amor para te saciar de toda sede.
Viejo Corazón, debuchas cartas a esmo sem endereçar ou subscrever origem, porém agora, já não te faço censurar os desatinos tampouco temo a sorte de teu padecer. Anseio te ver bater descompassado. Desejo sentir-te pular-me do peito, sair das entranhas onde te aninhas, sob o risco de nunca mais me pertencer.

16 de nov. de 2010

GRANDES ESPERANÇAS

...As bergamoteiras estão florindo agora. A primavera dá provas de que neste mundo as coisas ainda não chegaram a um ponto sem retorno para a natureza. Pensar assim parece tolo nos dias de hoje. Quando o desejo é saber quais são os próximos avanços da tecnologia. As bergamoteiras do quintal da casa de minha mãe, alheias a transgenia ignoram solenemente quaisquer pontos de vista alheios ao ritmo natural da vida.

Tenho sido acusado de muitas coisas. De ser egoísta e mesquinho. Indisciplinado e maledicente. Não sei quanta verdade há nessas acusações. Talvez haja verdade absoluta, afinal. Sob o ponto de vista do outro, na ótica do próximo, a imagem tida por nós mesmos como a certa atravessa prismas diferentes. É bem provável terem os outros uma visão mais precisa de nós mesmos. Nós sofremos do mal da auto-estima exagerada; o egocentrismo ou narcisismo. Portanto, sempre tendemos condescendência para com todos os nossos defeitos; graves ou não. Estou aprendendo, todavia. Aprendendo que o desejo, como falava o Gautama é a mola da desarmonia. E ele impera sem freios. O desejo ávido por coisas. Metas, realizações pessoais. Aprendo o quanto é execrável evitar tornar o olhar sobre o outro. E quanto pesa compadecer-se dele. Por ser tal procedimento algo estranho aos dias presentes. E aos dias desde sempre. Eu. Tido na conta de um qualquer, um reles – por certo sou um qualquer no sentido de não ser mais nem melhor do que nenhum outro homem comum. Eu me entristeço. Só me entristeço... E buscaria refúgio no isolamento não fosse tal coisa um ato covarde. Os homens estão à procura de si mesmos lá fora. Eu me encontrei aqui dentro de mim. Nas deficiências de um ego imaturo – que é ser maduro afinal? Se for ouvir a razão, se for ser sensato, se for controlar a ira, então não sou tão verde assim. Mas, é essa a imagem cultivada por mim, e ela pode estar errada à vista do outro. O outro existe e está atento. Talvez por ser tão mais sábio, experiente e nobre, ele, ao contrário de mim seja incapaz de abdicar das coisas mais caras. Eu abdico em favor do outro. Não por altruísmo. Não por covardia. Justo o contrário. Por me sentir cansado de martelar diariamente o tresmalho das minhas aflições. E elas são tantas. Tantas. Sendo o outro, o próximo, invariavelmente, o alvo da minha preocupação. Entretanto, não sou douto em coisa nenhuma. Não sou estudioso das necessidades do povo, como uns e outros fariseus. Religiosos, portanto políticos. Políticos, portanto abutres. Abutres, e, por conseguinte carniceiros que afundam os bicos aduncos na carne morta e pútrida da "res publica". A coisa pública que não é de ninguém quando a responsabilidade chama e exige. A coisa que é de todo mundo no momento próximo a se obter alguma, pequena que seja, vantagem. A honra, e ao prestígio eu abdico em favor do outro. Sem susto. Embora seja consciente de que escrever este artigo seja um ato de grande vaidade.

Mas não é a mesma vaidade que levou Teresa de Calcutá a arrecadar fundos para os pobres da Índia. E os fundos arrecadados em vez de se transformarem em hospitais, escolas e creches desabrocharam no milagroso surgimento de conventos e outras inutilidades. Minha vaidade grita de dentro da sua tumba. A sua sepultura é nada menos que a consciência das necessidades do outro. Não por altruísmo, mas por pudor. Vergonha de enxergar meu semelhante degradado. Vergonha de vê-lo exercitar a paciência ou a aflição diária da miséria. Senhoras e senhores, isto aqui não é a Índia. Nem sou Mahatma Ghandi. Pelo menos ainda não é a Índia, nem o Haiti como cantam Gil e Caetano. Mas os pretos, os mulatos, os pardos e os brancos que são todos pobres e de tão pobres todos pretos, continuam levando porrada. E vão continuar levando porrada, porque são pretos, pardos, mulatos e brancos; e tão pobres. E eu vou continuar me incomodando com isso meus senhores. Até chegar o dia quando nada mais importará. Por obra da derrocada ou, quem sabe? D'uma mudança nos ventos da história fazendo com que nos tornemos mais civilizados. Como as formigas...

Convivendo bem com as formigas que pastoreiam seus rebanhos de pulgões sobre as suas folhas, as bergamoteiras estão sonhando já com a madureza dos frutos que rebentaram. Alheias a minha gula por eles elas aceitam com prazer o sobrevir do sol e da chuva com igual satisfação. Entretanto, como homem comum. Como cidadão e pessoa habitante deste mundo eu não encontro a mesma satisfação nas coisas que vejo. Rogo para que numa outra primavera tudo possa estar melhor. Afinal, como homem comum, a exemplo do personagem do mestre Charles Dickens eu tenho grandes esperanças.



8 de nov. de 2010

AMOR & BOSSA

Não me venham com proposições grandiloquentes... Não me falem sobre as maravilhas primeiro mundistas: sobre as belezas claras de cidades limpas e cheirosas - sem favelas. Sobre as delícias paradisíacas e seguras de lugares assépticos. Não me falem dessas besteiras anacrônicas. Me falem se são felizes esses homens e mulheres trôpegos que saem sós das casas noturnas, ou que, se acompanham dos serviços de profissionais do amor. Me digam se enganam suas vidas frias e feias consumindo e consumindo bugigangas reluzentes. Me digam se eles e elas sentem as tripas revolverem-se ao olhar os olhos fundos e misteriosos de quem lhes fita com promessas de paixão. Me digam se são amados.
Não me falem de palácios suntuosos. Não me falem das maravilhas arquitetônicas espalhadas pelas cidades de um  mundo caduco, ora bobo e incivilizado. Por culpa da senóide histórica em constante movimento. Pois lhes digo ao amor pode faltar tudo. E ainda assim teimará existir. Não me falem de nada os que secaram por dentro. Não me tornem os olhos aqueles que se amarguraram. Porque não comungo consigo as idéias de sofrimento. Sofrer, para o amante é um exercício filosófico. E torna o tolo em sabedor das coisas que contam nesse mundo cão.

4 de nov. de 2010

Não é tempo ainda





















Gustav Klimt - O Beijo


Eu deveria estar orgulhoso, afinal pequenas vitórias somam-se para ajudar o velho ego a saber-e estimado. Eu deveria  postar as fotos e vídeos feitas ontem no Vinícius Bar em Ipanema Rio de Janeiro, onde, a convite de meu amigo e parceiro musical Otávio Segala, acompanhado de Carlos Berbel, tive três participações e fui aplaudido efusivamente... Eu devia me orgulhar em ter acertado o arranjo de uma música inédita apresentada pela primeira vez em público nessa ocasião, composta por nosso amigo Luís Otávio Almeida. Um Samba jazzístico de primeira linha que interpretei. Eu deveria estar orgulhoso e contente de estar há quarenta dias no Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, onde fiz muitos amigos, e, ter-me posto em atividade. Pesquisando a história tão necessária para o complemento de meu livro - em processo de escrita. Eu deveria. A exemplo de Raul Seixas, a exemplo do padre pimpão que dança,  pula e saracoteia, a exemplo do pastor evangélico que escorcha o povo 15 minutos depois de começar o sermão; 15 minutos. Esse usurário vendilhão... Eu deveria isso e deveria aquilo. Porém não sou isso nem sou aquilo... Sou o que sou. E o que sou é do tamanho de minha aldeia. E tudo do que vejo cabe nas dimensões reduzidas do que é minha aldeia, que sou eu mesmo encastelado... Tal Fernando Pessoa na "pessoa" de Alberto Caieiro seu heterônimo.
Eu deveria supor que o futuro me reserva uma auspiciosa bem aventurança. Todavia, se não houver um motivo para eu desejar tal favor do destino, de que vale meu esforço?
Eu deveria ter ficado quieto em meu canto quando era hora de recolher meus sonhos. Ou ao menos te-los sonhado baixinho. Para que ninguém ouvisse. Eu deveria ter aquietado meu coração e dito: Shhhh meu coração! Não é tempo ainda.

23 de out. de 2010

O RIO DE JANEIRO CONTINUA


 


Lindo? Esta definição é somente um lugar comum. Nem isso “lugar”, mas lugarejo. Um lugarejo comum é uma expressão, ainda que inadequada, a mais próxima de minha parca erudição e capacidade pseudo intelecto emocional... O Rio de Janeiro é lindo por vocação e por necessidade de meus olhos que nem bem chegaram atrevem-se observá-lo no seu momento de “toalete”, nesse ritual provocante e delicado de uma cidade que se despe aos poucos para os olhos afoitos do “voyeur” estabanado... Sim o Rio de Janeiro continua lindo em cada curva sinuosa de seu traçado mágico, encantador. Na estampa bela das garotas de Ipanema, transfixando a orla atlântica e sustentando argumentos de maravilha do Aterro ao Meyer, de Copacabana ao Engenho de Dentro dessa formosa flor enrodilhada em minha retina. Visão tão basta e turva e pobre, antes acostumada à lhanura simples e rude e fria de uma pampa

Enamorada. Algo invejosa da graça tropical descortinada em suavidade a ponto de tomá-la.

Pois meus olhos se arregalaram, e, meu coração afeito às paixões miúdas d’um lugarejo escuro e frio se desatou na arritmia de paixão fulminante provocada pelo esplendor da gente e da paisagem. Incondicional ele se rendeu ante a constatação de um bem querer que principiou em Botafogo e se estendeu à Cascadura, que vadeou a Lagoa e subiu num fôlego só a beleza humana das favelas. Uma paixão devota e larga como a baía que abraça e acalenta a esperança viva, a chama calorosa de um povo amoroso que compreende o amor provado no Sambas que inventou e oferece. Simplesmente como quem sorri contente com uma brevidade.

Sim o poeta continua a ter razão sem mínimo exagero: O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO. É lindo pela natureza exuberante. Tanto por isso quanto pelo velho charme aristocrata e um tanto decadente (o que lhe torna mais belo) dos nomes e brasões povoando sua história de cidade. Catalisadora das idéias de um país, acrisolado na metrópole, entrincheirado no arrimo das alturas de fortalezas íngremes onde a lei custa a identificar-se: se do homem, se do cão. Sim, o Rio de Janeiro da Praça Onze, da Lapa, de Copacabana, do Leme, do Leblon. O mesmo Rio de Janeiro da Tijuca, de Oswaldo Cruz, da Mangueira e Madureira. Contendo em si a mistura de sotaques de um Brasil saudoso. Saudoso da Urca, do Cassino onde Grande Otelo encenava números cômicos. Saudoso de seus cafés, de Tom e de Vinícius, de Cartola e de Noel... Saudoso de mim mesmo, na presunção de quem almeja conhecê-lo sendo só mais um estrangeiro para o qual o Rio de Janeiro se descortina da orla as serranias sempre, sempre belo e generoso.

5 de set. de 2010

TRAGICOMÉDIA MUNDANA

Todas as figuras de palhaços: clowns, bufões, bobos da corte, jokers, o imortal vagabundo Carlitos personificado por Chaplin, o maquiavélico Coringa inimigo do Batman, todas essas figiras sem exceção tem um que de melancolia. Mas não posso evocar nenhuma delas quando desejo expressar meu sentimento em relação a como percebo minha auto-imagem frente às mentiras cotidianas em favor deste modelo ordinário e estúpido chamado capitalismo neo-liberal.
Se os ratos realmente disputassem corridas literais, fora da figura de linguagem "corrida de ratos", sob o regime capitalista seriam bólidos velocíssimos muito mais rápidos que qualquer fórmula um. Armados de toda sorte de artefatos nucleares ratos ratos e ratos homens explodiriam-se mutuamente por meras migalhas, porque a competição sugere a aniquilação do adversário e vitória a qualquer preço. Quando vejo e ouço pessoas falando um sem número de tolices sobre os males do socialismo, o fracasso comunista (experiência que desconheço haja visto nunca ter havido no mundo tal regime de fato)etc. me tomo de uma gana de lhes apresentar à realidade. De lhes tornar em pedintes aos cinco anos de idade. De porta em porta das lancherias e padarias e bares pedindo um pão, um bolinho, algo pra comer. Porque não interessa se tem pais que são isso ou aquilo, interessa que tenham cinco ou seis ou dez anos de idade e sentem fome, e andam descalços, e são trapilhos e não tem alento de nenhuma espécie. Sofrem enxovalhos e passa foras de gente que crê no capitalismo neo-liberal e tem a barriga cheia mas a consciência vazia. Gente boa. Gente "cristã" que vai ao culto, à missa, à puta que os pariu. Vai e não volta. Não volta porque não retorna em nada ao mundo daquilo que finge acatar nos sermões piedosos tão inspiradores á caridade. Gente dessa espécie que se comove com as campanhas televisivas do Didi mas que não se digna estender um pedaço de pão pro necessitado real diante de si. Eu, eu estou mesmo louco em não achar graça nos palhaços nem lógica nesse absurdo.

21 de ago. de 2010

DEUS SALVE OS FILHOS DA PUTA!

É impresionante, dia após dia descubro mais e mais coincidências entre a República Filha da Puta e o Brasil sil sil sil sil... Tanto os filhadaputenses quanto nós, estão alvoroçados com a próximidade do pleito. Tanto lá quanto aqui há candidatos com cinco, dez, quinze processos movidos contra si por corrupção e formação de quadrilha, que não estão nem aí. Aqui a exemplo da República Filha da Puta bandidos do colarinho branco, políticos ladrões, quadrilheiros que desviam recursos do erário público são intocáveis. Ninguém pode mantê-los na prisão, ninguém se atreve a lhes eliminar simplesmente através do ordálio simples do fogo  ou da gravata colorada. Por quê? É um mistério. Um terível mistério guardado há séculos por aqueles que melhor conhecem os meandros e escaninhos por onde tramita a sujeirada no país dos filhadaputenses.
Tanto os cidadãos filhadaputenses quanto os cidadãos brasileiros estão indefesos à mercê desses abutres que nos descarnam os ossos. Que tiram da boca dos pobres o pão escasso. Que negam à raia miúda o direito mínimo às coisas mais básicas da vida em sociedade porque consomem os recursos, porque transformam em propina as verbas públicas. Porque superfaturam obras e fazem esquemas mirabolantes a fim de amealhar mais e mais dinheiro em nome de uma esperteza asquerosa. E fazem isso porque sabem que ninguém pode pará-los. Nada temem. Nada. Seria preciso ressuscitar Luís Carlos Prestes, dar-lhe 500.000 cavaleiros bem armados. Reconvocar Lamarca e Marighella. Reunir um contingente formidável para expurgar à custa de ferro e fogo a camarilha sanguessuga que torna este lugar um dos mais injustos sobre a face da terra.

18 de ago. de 2010

VÍSCERA 19

Estou farto de out-side!




Cláudio Portella
Excerto de seu livro: As Víseras
Fortaleza: Expressão Gráfica Editora/2010.

Natural de Fortaleza, o poeta e escritor Cláudio Portella é autor dos livros de poesia Bingo/2003; Crack/2009 e fodaleza.com/2009.  Antologista de: Melhores Poemas de Patativa do Assaré/2006. Colaborador e conselheiro editorial do projeto BABEL poética. Revista de poesia, tradução e crítica para o Programa Cultura e Pensamento do Ministério da Cultura gestão 2009/2010.

13 de ago. de 2010

QUARTO DE COSTURA

Com este poema eu inauguro uma série de postagens de poesia neste blog. A exemplo do que era na época da ditadura militar, a censura prévia proíbe que se fale e comente sobre os "sujismundos", a corja que se infiltrou na política brasileira nos antanhos do Vice-Reino. Sendo assim...

                
                                                   QUARTO DE COSTURA

Velhas tias solteironas vão à missa,
e aguardam notícias de sobrinhos doentes.
Velhas tias solteironas
passaram a mocidade na janela
enquanto o tempo lhes impunha manias.
Velhas tias cerziram colchas de retalhos,
cuja trama, imaginação alguma foi capaz de cogitar.
Velhas tias solteironas economizaram
o meigo sol da primavera
para os dias mais frios do inverno
quando a artrite faz doer as suas juntas...
Velhas tias quituteiras
cozinham e trocam receitas,
cochicham, riem baixinho
plantam flores, criam gatos, fazem geléia e pão de ló.
Bebem licor em cálices coloridos,
pisam manso pela casa sem fazer barulho.
Porém, as ouço murmurando na noite alta,
vejo luz sob minha porta
as escuto balbuciando sortilégios.
As velhas tias são pálidas
feito o mármore das lápides
onde ecoam suas estórias
para me amedrontar,
ou só me fazer dormir.

1 de ago. de 2010

SAFADEZA ESCATOLÓGICA

Imagem: marcelomoutinho.com.br

Não tem choro nem vela, a safadeza continua. As instituições nacionais de ensino: Institutos Culturais, bibliotecas, órgãos e organismos & Universidades brasileiras preservam muito bem seus acervos. Digitalizam sim somente as "capas" de livros e repassam ao google books e outros sites. Mas, não se tem acesso a nada. Nenhuma página. E olha que estou falando de livros escritos em 1908, 1920, 1930. Todos sem exceção e por força de lei incursos na categoria "domínio público". Acontece que os autores e os temas abordados são consideravelmente interessantes e de muita valia para a pesquisa nos campos da etnografia, musicologia, antropologia, folclore, etc.  E por se tratarem de obras raras muito requisitadas á pesquisa alguns sem vergonhas, ou muitos sem vergonhas (infelizmente em se tratando de Brasil acredito serem muitíssimos) em provável conchavo com sebos e distribuidores de livros raros anunciam livros e autores sem disponibilizarem seu conteúdo. Anunciam-nos para vender. Todavia, a esperteza desses pichelingues literários esbarra na sacrossanta prodigalidade e mecenato de verdadeiras instituições dedicadas ao saber. Que não fazem reserva de conhecimento nem o mercanciam como se fosse aniagem com que se enfarda a vida cotidiana. Para nossa sorte, basta um pouco de paciência que virão em nosso socorro a Harvard University, a Universidade de Coimbra, Oxford, Cambridge, a UCLA e tantas mais fontes liberais do conhecimento humano. Elas possuem os tais livros raros escritos por nossos compatriotas. Elas os digitalizam e nos enviam sem custo. Assim podemos troçar dos "malandros" que não fazem por essas bandas cumprir a lei.

14 de jul. de 2010

COMUNISMO DE FANCARIA

Poucos editores de notícias no Brasil são fontes de informação confiável "não contaminada" por mensagens subjacentes. Poucos não adotam a malícia para endereçar aos olhos e ouvidos de seus espectadores um conteúdo (linha editorial) de modo a favorecer e fortalecer seus interesses e pontos de vista. Dia desses o jornal nacional da tv globo, sem maiores pudores, ao falar sobre a ilha de Cuba chamou o regime de Castro de Comunismo. "Ilha comunista" foi a expressão exata utilizada pelo apresentador (âncora) do telejornal.
Meus caros, não sou ingênuo. Não creio em enganos & milongas ou má preparação intelectual de redatores que escrevem "escopeta" quando desejam se referir a uma carabina de repetição calibre 12. Não sou tolo e passei da idade de acreditar no acaso midiático. Esse abuso da "neurolinguística" só tem uma finalidade: Afirmar que a ilha de Cuba ora dirigida por Raul Castro, irmão de Fidel é, e sempre foi uma República Comunista. O que se trata de uma enorme inverdade. Fidel Castro,o "revolucionário" amigo de Tchê Guevara quando tomou o poder na ilha de Cuba não fez outra coisa senão comutar o nome do ditador no comando por lá. Destituindo Fulgêncio Batista, Fidel Castro se constituiu no novo ditador do país, assim permanecendo de fevereirode 1959 até fevereiro de 2008 quando passou o comando a Raul Castro seu irmão.
Cuba nunca experimentou um regime Comunista. Sempre esteve sob ditadores ora de direita, como Fulgêncio Batista, um títere dos Estados Unidos, ou sob o domínio dos irmãos Castro, ditadores que levaram a ilha de Cuba a mendicância sócio-política e econômica no cenário mundial.

20 de jun. de 2010

NEM SEMPRE É BOM SER RIOGRANDENSE











/Dia 20/06 Brasil X Costa do Marfim. Jogo complicado. Juiz tendencioso, francês ladrão não coíbe a violência e deslealdade dos jogadores da Costa do Marfim contra a seleção brasileira. Elano sai com suspeita de fratura na perna. Kaká é expulso por conta de uma simulação da parte de um jogador africano...  Michel Bastos também sai machucado.O árbitro, possivelmente comprado não mostra nenhum cartão vermelho para a seleção da Costa do Marfim. Que bate durante todo o segundo tempo... Ah! Eu fico pensando que às vezes não é muito bom ser sul riograndense. Por muito menos do que a deslealdade apresentada pelos jogadores da Costa do Marfim, muitíssimo menos qualquer clube do interior do Rio Grande mandaria às favas a partida. Alguém pregava um grito e a coisa toda virava uma praça de guerra, porque ninguém é convidado à casa alheia pra apanhar. Tampouco pode um ser humano querer intimidar a outro sob a coerção da força e esperar impunidade... E há conosco certo destempero. Certo senso de justiça exacerbado junto à uma mistura alquímica de sangues que resultou algo que só posso descrever como ferocidade.  
Fato é que nossa "filosofia crioula" ( e esse termo crioulo se refere justamente a nossa mistura sanguínea que contempla valorosos ancestrais africanos) prega o seguinte: "Não tá morto quem peleia!" Rendição jamais! Essa prática de não se render talvez encontre justificativa no costume dos velhos terços de batalha espanhóis que não raro combatiam até o último soldado. Então, assim sendo, melhor mesmo que a seleção canarinho não possua essas características aguerridas e descontroladas. Senão talvez somente seu treinador, nosso conterrâneo, ora "cercado" pela imprensa. Do centro do país principalmente, que, no afã de fabricar notícias para encher linguiça nos seus tele e demais jornais não se cansa de acusá-lo de rabugento. Mau humorado. Defensivista & outras "cositas mas".

6 de jun. de 2010

SEJAMOS IMPERIALISTAS

No país dos filhos da puta vai quase tudo bem. Quase. O jornalismo no país dos filhos da puta continua leiloando a verdade: quem dá mais! Com direito a conotação sexo interpretativa. Uma suruba geral & desorganizada! Os barnabés filhos da puta constituídos em um "arcabouço de aspones apadrinhados", fundaram o sindicado a³ (anônimo). Afinal poucos vão trabalhar. O congresso dos filhos da puta se compõe de uma malta ratoneira versada em velhacaria. Uma putariazinha aqui, uma fodelança estatutária acolá, um desfalquezinho vez em quando! Tudo manejado de sob as barbas pentelhoqueiras das damas da res pública filha da puta! É merda que não se acaba! Produto excretado sobre todos democraticamente.
No país dos filhos da puta com e "sans cullote" um filho da puta estrangeiro se confessou surpreso com a inteligência do presidente da república filha da puta, terceiro mundista. Como se apenas os grã filhos daputa do primeiro mundo fossem agraciados com as bençãos da putana Minerva. Um grã puta do Olimpo...  A filha da putice é uma democracia só, internacional como a filosofia Marxista, da qual todo filho da puta foge escudado em biblias e livros de safadeza milenares cujos preceitos dominam e submetem as massas a viverem no repugnante mundo da religião.
[...] Nas artes encontramos filhos da puta do maior gabarito, igualmente. Por exemplo: um famoso teatrólogo filho da puta do século XVI que escreveu O MERCADOR DE VENEZA plagiando sem dó a Homero e Virgílio. Que por sua vez foi plagiado ad infinitum por filhos da puta de talento menor, inclusive alguns sacrossantos filhos de uma grande puta tupiniquim. Assim sendo senhoras e senhores meus vizinhos e caros filhos da puta que perdem preciosos momentos de ócio lendo essas bobagens. Sigamos o plano original de um grande estrategista chamado Caetano Veloso, para vencer todo e qualquer filho da puta que queira nos colonizar: "SEJAMOS IMPERIALISTAS!".

19 de mai. de 2010

POLCA LUNDU & OUTROS CARNAVAIS

Folgo em anunciar que já se consegue, com alguma dificuldade (não esperaria doutra forma) baixar arquivos digitalizados da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Temos aqui  a partitura de uma preciosa Polca Lundu. Cuja Folha de rosto traz um catálogo com as demais músicas impressas ofertadas pelo estabelecimento do tal "Raphael". O grande problema é o programa utilizado pela biblioteca naciona. Complicado para aqueles não iniciados nos "escaninhos & chicanas" da world wide web. Tudo bem, com fé e um tacape forte um dia chegamos lá. Desburroratizando nem que seja a cacetadas! Talvez, disse talvez, alguém ao ler isso possa constituir uma opinião algo desfavorável de minha pessoa. Rabugento, insatisfeito, crítico implacável. Pois quero lembrar às "bondosas" de plantão que: concordo com Voltaire. Qualquer um tem o direito de discordar do que penso, conquanto me permita pensar e agir livremente... Bueno! Vamos terminar o serviço completando a Polca Lundu com as folhas restantes:



11 de mai. de 2010

Metamorfose




Não seria verdadeiro, mas temerário afirmar que, se comparado ao estilo consagrado pela turma de sambistas do morro do Estácio no Rio de Janeiro, nosso samba regional soa tão distintamente a ponto de representar uma espécie de fóssil musical. Algo que não evoluísse e se adaptasse ao movimento perpétuo dos padrões de estilo de época estaria simplesmente fadado ao desaparecimento. Nosso Samba regional, ainda que tardiamente, também sofreu influências e modificações implantadas por músicos profissionais versados em teoria musical, que, igualmente adeptos ás modas, lundus, marchas, polcas, maxixes e choros, incorporaram a nossa batucada uma maneira nova de execução. Disciplinando, e talvez suavizando sua rudeza original. Entretanto isso não se mostrou o suficiente para descaracterizá-la por completo, e nosso Samba se manteve próximo ao que era, soando próximo á antiga batucada do Quicumbi.
Conquanto os salõe particulares e dos clubes sociais cachoeirenses, por ocasião de seus festejos (fosse ou não carnaval) ofertassem aos convivas um repertório musical baseado em polcas, valsas e operetas, executadas a esmero pelas bandas locais, é curioso especular em que ocasiões, e de sob qual acompanhamento musical as camadas menos favorecidas da sociedade celebravam.
Em 1910 o samba e o choro já eram populares em Cachoeira junto as camadas mais pobres da população. Junto deles o maxixe, o lundu, a marchina e a onipresente modinha.
Em casa de gente humilde, nos terreiros da periferia, o samba, naquela época bastante influenciado pelo batuque do Quicumbi era presença constante. Qualquer ocasião era pretexto para uma roda de samba.
Ainda que os jornais da época deem conta de enorme repressão exercida pela classe dominante, via aparelho policial, sobre essas reuniões quando ocorriam em lugares próximos ao centro da cidade. Certo é que os enfezados "festeiros" não se intimidavam ante a desdita quase certa: irem dormir no xilindró. Conduzidos até lá debaixo de pancada. Assim sendo a fuzarca estava garantida. Fosse onde fosse. Nas ruas centrais de Cachoeira ou nos terrenos ermos e chãos dos arrabaldes como o Jacaré no fim da Rua Félix da Cunha. Na Coxilha do Fogo, então somente um campo de invernada com pastagem para o gado, ou na zona norte da cidade da Cachoeira, nas grotas da antiga Fazenda Tibiriçá. Cujos proprietários escravistas, para se gabarem de generosos talvez, decidiram doar parte de uma área - imprestável para compor pastagem pela quantidade de pedras à flor do solo, e, pelo íngreme terreno, onde seus ex cativos puderam erguer seus mocambos
Lá vibravam até o amanhecer o Tibitibi, o Canguenguera (tambores do Quicumbi), junto às gaitas - cromáticas na maioria das vezes; violões e rabecas. Preparando a volta do Quicumbi á avenida de onde se viu sacado com a chegada do imigrante. Para voltar com outra roupagem. Transfigurado no Samba. Samba de sotaque regional que embalou a periferia em sua retomada das ruas por volta de 1928. Quando o Carnaval assumiu os contornos de verdadeira festa popular em Cachoeira.

24 de abr. de 2010

PARLENDAS ET PIAÇABAS




Paroxismos & parangolés, ou o "rasga tanga" da academia, atacaram de vez as publicações poéticas, as coletânes, obras completas de Manuel Bandeira e tantos outros poetas maiores do orgulho "nacionar"! Diria o subversivo Mário de Andrade (um seu irmão), defensor de uma língua fonética sem ligar pra nenhuma convenção ortográfica, senão o som e o ritmo da fala. Pois, ora pois: na Antologia de Manuel Bandeira: "Libertinagem:Estrela da Manhã", contei, e pasmem senhores meus amigos e vizinhos, nada menos que 57 páginas tomadas por: Análises; "et profundis ira mea!" Índices variados. Notas filológicas... Quanto desperdício de papel. Quanta caceteação. Essa tolice. Esse ramo da "física de partículas" tentando esmiuçar a poesia de Manuel Bandeira! Pretendendo enfim "eviscerare" em biópsia a poesia de Manuel no intuito de, ao se mostrarem sagazes, ótimos parlapatões verborrágicos, terem o jacto de vangloriar-se, quiçá? - "Eureka! Eureka! Desvendamos o hermetismo da poesia. Explicamo-la aos idiotas plantonistas, eles todos, os idiotas leitores!" Ora pois, pois, pois senhoras e senhores doutores em sabenças absolutamente inúteis, poupai olhos e ouvidos deste mazombo inculto mas sentimental. Conforme lho coube a eugenia mestiça tupy, saxã, sefardita, celta e bantu. Sob a benção da mãe Pindorama, inda que seu "garrão" nada tenha de tropical. Poupai, senhoras e senhores essas vistas cansadas de tantas e tantas navegações & aferições pela nauta dos alfarrábios de diversa fala e procedência. Apelo, rogo-vos a clemência, como só os loucos e os idiotas sabem rogar. Sem intenções outras além daquilo que proferem apelando, clamando, pedindo! Abandonai senhoras e senhores esse costume hostil, descortês & "demodé". Encurtai o ramerrão. Não sejais tão prolixos em explicações despropositais ou vos darei tiros na testa!

22 de abr. de 2010

MUDANÇA DE ESTAÇÃO

Inexoravelmente. Advérbio de modo. Advérbio - palavra acentuada até a reforma ortográfica e sua complexa norma, regendo a acentuação ou abolição do acento nos diversos casos de encontros vocálicos. Ignoro solenemente tal lei. Ignaro, zoilo de faz de conta. Néscio quase profissional, não chego às vias de bater-me em duelo pela língua. Não sou Houais, Tampouco Aurélio. Policarpo Quaresma muito menos. Nhengatu - morreu à míngua!
Todavia a estação desta quinta-feira estava sintonizada na Festipoa Literária. Na bancada de uma sala na sede do Sindicato dos Bancários o compositor Nei Lopes e o professor Jeferson Tenório. Não sei por que cargas d'água saí dali. Fui acompanhar meu amigo Lima Trindade e meu novo amigo João Gilberto Noll ao café. Lima teve de sair a certa altura. Mozart Dutra e sua amiga, a meiga Lívia se juntaram à nós... Feliz decisão a minha permanecer naquela mesa iluminada por esses seres encantadores. O papo rolou. Todos fruimos a conversa, a companhia, a agilidade vertiginosa e sinuosa de asuntos que se encaixavam ou remetiam à outras palavras. Afinal, não é de palavras que se constroem todo as as imagens literárias ou não? Os tupis e guaranis dizem que se um ser vivo, seja animal ou vegetal , e mesmo um lugar, ainda não foi nomeado ele não existe. Assim sendo a palavra é o tijolo da construção do que é real. Pois bem. Parlamos à fôrra! (Vos pergunto, humildemente, como diferençar fôrra: substantivo, de forra: verbo transitivo???) Passemos ao largo...  Como dizia antes de bruscamente interromper-me kkkkk... Foi um encontro raro e agradabilíssimo. Na companhia de mentes agudas e corações sinceros. A esses encontros faço brinde, para que se repitam.

21 de abr. de 2010

COISA DE PORCO




impolutos.wordpress.com


Coisa de porco: porcaria. Literatura brasileira contemporânea: fancaria. Música pop de garagem realizada por grupos jovens com pouca ou nenhuma informação musical: coisa de porco; isto é: porcaria. Comum, Chinfreiro, amiúde como sal no mar... Sou agressivo. Todo sobrevivente é. Vivemos em prontidão, dizia Noel com propriedade. Expresso minha opinião. Como Voltaire, acredito no meu direito a expressá-la e no direito dos outros em contestá-la. Sem problema. Todavia, não delego a ninguém sob a face ou debaixo da crosta deste planeta o direito de dizer o que eu posso ou não posso fazer, ou expressar. Isso é problema meu. O ônus disso é uma conta particular e intransferível. Ontem, sei lá porque cargas d'água manifestei minha opinião sobre a porcaria de som que ouvi num bar. Era uma banda pop formada por moços. Não os conheço. Nada tenho contra ou a favor deles pessoalmente. Todavia, como músicos aos meus ouvidos soaram péssimos. Repito: porcaria. Podemos enumerar as causas, algumas, dessa impressão: desafinação, instrumental e vocal: pra quem trabalha com música a afinação e o respeito ao andamento são fundamentais para a boa harmonia do conjunto. Semitonação. Composições primárias, sem nenhum elemento que chame a atenção. Tudo muito mais ou menos. Em suma porcaria. Mas, o "X" da questão é eu ter sido censurado. Uma pessoa presente no bar, provavelmente amigo dos rapazes me saiu com essa: "- Tu não podes detonar as pessoas assim!" Houve um equívoco aí meu amigo. Em nenhum momento eu quis ou fiz por criticar as pessoas. Sequer as conheço. Fiz criticar com certa agressividade, confesso, o trabalho que apresentaram. Contudo o artista que expõe seu trabalho levando-o à público. Oferecendo-o á crítica pública. Isso fiz. Todavia, entendo como natural uma crítica construtiva ou destrutiva como no caso foi minha manifestação desde que o trabalho seja qual for esteja disposto á apreciação do público. Um amigo literato me disse certa vez que no Brasil se havia instituído a política do "compadre" em matéria de arte. Ninguém criticava o trabalho (friso: o trabalho) de ninguém porque era amigo, ou amigo do amigo do fulano artista. Ele tem razão. Particularmente incluo no rol da porcaria a literatura do abaixo citado autor. Quanto a sua pessoa, Paulo Coelho: não conheço. Nada posso expressar a respeito dele criatura. Todavia, tenho o direito de dizer que seus livros, os dele  e tantos outros, são porcaria. Por quê? Por eu ser crítico de arte? Não. Simplesmente por, em não conhecendo sua literatura ter comprado alguns de seus livros. E, acima disso, pelo direito que tenho de expressar minha opinião.


17 de abr. de 2010

"VOX POPULI, VOX DEI"


Literalmente. A voz do povo é a voz de deus. O povo inventou deus. Deuses. Deusas. Dogmas. Rituais sangrentos, nauseabundos. Uma nojeira porca sem fim. O homem recém saído da caverna ancestral. Mal enveredado em direção à luz na entrada desse couto onde a luminosidade não esteve presente desde priscas eras... Todavia a mentira mais perigosa inventada pelo homem - ser pouco razoável, portador de uma série infindável de perturbações de ordem psicológica, não foi deus ou os deuses: foi sim a religião. A política dos deuses ou de deus (em se tratando das crenças monoteístas) em relação aos homens. Essa sujidade indigna, que me diverte confesso. Porém, que enfurecia Voltaire e Rabelais; esses, ainda que anti clericais, crentes temerosos em deus.
Os líderes religiosos mantêm sobre a população fiel o que Frederick Burrus Skinner chamou de "condicionamento operante". Sob ameaças, censuras e reprovações de toda espécie eles tentam, nem sempre com total sucesso, controlar e dirigir a caminhadado rebanho em direção ao inefável, que eles, clérigos mistificadores, há séculos mentem conhecer.
Quando idéias absurdas como pecado, culpa, céu e inferno darão lugar à jsutiça, á razão simplesmente? Quando todo discurso abjeto e adversativo de santarrões e beatos cederá lugar ao exercício útil da razão e da lógica capazes de impulsionar a humanidade ao encontro de entendimento? Creio que demore muito tempo. A ignorância trevosa e antiga. A serpente atávica do gênero humano ainda está longe de dar por saciado seu imenso apetite. Porém, recordemo-nos de Nietzsch: "Eu sou Zaratustra o sem-deus, quem dentre vós é mais sem-deus do que eu para que eu possa me regozijar com o que tendes a ensinar?"

10 de abr. de 2010

ÁGUA QUE SE ESCONDE


NITERÓI:DO TUPI "ÁGUA QUE SE ESCONDE"; TRADUZINDO MAIS OU MENOS: TERRENO POROSO, ALUVIÃO, TERRA SOLTA ONDE INFILTRA-SE A ÁGUA DA CHUVA, BANHADO, CHARCO... SOME-SE A ISSO UM MALFADADO MORRO DO "BUMBA", ATERRO SANITÁRIO, LIXÃO, ACÚMULO PROGRESSIVO DE METANO E CHORUME PROVENIENTES DO LIXO ATERRADO. ONDE UM IRRESPONSÁVEL ADMINISTRADOR PERMITIU A OCUPAÇÃO IRREGULAR, E, FORNECEDORAS DE ENERGIA E ÁGUA DEPRESSA ESTENDERAM REDES A FIM DE "ABISCOITAR" UNS COBRES.MESMO QUE, POR LEI TENHAM DE COBRAR TARIFAS REDUZIDAS DEVIDO À BAIXA RENDA DAS FAMÍLIAS. A GANÂNCIA PREVALECE. TUDO CONTRIBUI PRA TRAGÉDIA. ANUNCIADA. RECORDO QUE ALGUNS ANOS ATRÁS EU COMENTAVA COM UM AMIGO QUE MORA NORIO: "O DIA QUE ACONTECER NO RIO DE JANEIRO UM DESSES TEMPORAIS E TORNADOS FURIOSOS TÃO COMUNS NA NOSSA REGIÃO (CENTRO DO RS) AQUELES MORROS VÊM ABAIXO!" PUTZ! JURO QUE EU NÃO QUIS SER PROFETA DO CAOS. MAS... A VERDADE É QUE AS GENTES VÃO PERDENNDO OS SABERES LEGADOS A ELAS POR ANTIGAS GERAÇÕES. ESSA ACULTURAÇÃO PROGRESSIVA IMPLICA NA RUPTURA COM PRECEITOS E TABUS QUE IMPLICAVAM NA MELHOR GESTÃO DA VIDA COLETIVA, COMO POR EXEMPLO: COMO E ONDE CONSTRUIR SEU BARRACO DE FORMA SEGURA, ETC. A CULPA DESSA ACULTURAÇÃO PROGRESSIVA MAS, FELIZMENTE REMEDIÁVEL, NÃO É DE NINGUÉM MAIS A NÃO SER DO SISTEMA PREDATÓRIO DE UMA SOCIEDADE LÍBERO INDUSTRIAL DE CONSUMO QUE NÃO LEVA EM CONSIDERAÇÃO AS CARACTERÍSTICAS IDENTITÁRIAS DAS COMUNIDADES E GRUPOS QUE PRETENSAMENTE ATENDE EM TODAS AS NECESSIDADES. ISSO É UMA PREMISSA FALSA, LOGICAMENTE. POIS TAL ASSISTÊNCIA É MERO "FISIOLOGISMO". RETÓRICA POLÍTICA. DISCURSO VAZIO. CONQUANTO OS DETENTORES DO PODER NESTA SOCIEDADE VISEM ÚNICA E DEFINITIVAMENTE MANTER SEU MONOPÓLIO E DESFRUTAR AS BENESSES DO CONTROLE ABSOLUTO - INCLUSIVE CULTURAL (TALVEZ PRINCIPALMENTE); EXERCIDO SOBRE A GRANDE MAIORIA DOS GRUPOS QUE COMPOEM A SOCIEDADE.
SENDO ASSIM NADA TEMOS A ESPERAR QUE NÃO DESASTRES. TRAGÉDIAS. SOFRIMENTOS E DEGENERAÇÃO QUE AFETARÃO SEMPRE AS SOCIEDADES VULNERÁVEIS, E SÓ A ELAS. UM CONSELHO MEU PARA ESSAS COMUNIDADES: ORGANIZEM-SE POLITICO CULTURALMENTE. BUSQUEM SEUS DIREITOS MAS, PRINCIPALMENTE RECUPEREM SEUS VALORES E SABERES TRADICIONAIS.

1 de abr. de 2010

VAREJEIRAS DE PLANTÃO


Terminou a grande olimpíada. Os "heróis" do big bosta brother deixaram a malfadada casa global. No último programa a votação atingiu a marca impressionante de 150 milhões de votos. Muito dinheiro. Dinheiro para a rede globo realizar mais e mais programas do tipo "pega moscas". Somos todos moscões. Esta é a síntese da hipótese lógica proposta pela razão simples. Somos moscões varejando ao redor do bolo fecal depositado no canto de uma sala vazia por um "criminoso diarréico anônimo".

Os "brothers" internos naquele manicômio, tendo como supremo alienista Pedro Bial, não são culpados por nenhuma chicana ou conspiração no intuito de tornar as noites da tv brasileira piores do que são. Estão ali, pura e simplesmente almejando uma boa grana, e, quem sabe? um contrato temporário com a rede de televisão mais poderosa e endinheirada da América do Sul. Cento e cinquenta milhões de votos me fazem entristecer cento e cinquenta milhões de vezes porque me tornam pobre. Um lunático desacoroçoado! Todavia, mesmo sem ânimo ainda me comporto como uma ovelha negra que se recusa a balir no coro uníssono dos contentes: béééééééé! bééééééé! Porque sei que a lâmina não demora. O pescoço sangra e o carneiro vai á mesa numa travessa, assado, guisado, frito. Ao gosto dos fregueses que desempenham nessa tragicomédia o papel duplo de espectadores passivos e vítimas abobalhadas. O big bosta brother não é exatamente o problema mor de uma rede de tevê do Brasil sil sil sil com "échio". Não. A mudança de rumos, o abastardamento, a "chinelagem" dos últimos tempos - 20 anos para cá na programação decadente, refletem o ambiente pernóstico de maracutaias & trambiques que graça no país pseudo democrático. Um país de rapineiros liberais. De laranjas que compram grades extensões de terras para o capital estrangeiro e agem como seus testas de ferro. Um país de lesa Pátrias. O big bosta e tantas outras bostas oferecidas por um modelo educacional segregacionista e opressivo reflete qinhentos anos de apropriação indébita, de grilagem de terras. De massacres contra povos indígenas, seringueiros, pequenos agricultores de subsistência. Reproduz os discursos facistas de quem não sabe o que fazer para conter a violência. Para sanar o sistema corrupto. Para devolver a medida justa em benefícios com contrapartida pela fabulosa carga tributária. O big bosta espelha aquilo que cada indivíduo mediano deste país deseja se tornar: uma personalidade famosa. Custe o que custar. Mas advirto: as pessoas que participam do "jogo" anacrônico estão ali por causa da necessidade. E isso torna os métodos e os propósitos do reality show ainda mais desarrazoados.

14 de mar. de 2010

AS PUTAS TRISTES DE GABRIEL GARCIA MARQUES


Elas, apesar de serem as culpadas pela existência dos filhos, gerados naturalmente (cavacos do ofício, vícios do "metier" kkkkk) não se devem deixar culpar pelas filhadaputices dos mesmos. Os Filhos das Putas, pelo que sei constituíram um país fictício, uma espécie de ilha paraíso fiscal. Imensa ilha onde habitam gigasntes usurários. Corruptos juramentados. Ladrões do fisco. Cambalacheiros da "res pública". Ilha continental onde tudo é gigantesco, coisa imaginosa á la Jonathan Swift. Esse é o país da FILHA DA PUTICE. Mas, repito as putas tristes decantadas por Gabriel, o Marques, não são de todo as culpadas por o excesso demográfico de "Filhos e Filhas da Puta" que, por conveniência (fiscal & de outros parangolés) decidiram habitar a imensidão das terras tropicais da ilha FILHA DA PUTICE. Mas afinal, como funcionam as leis no país dos filhos da puta? Simplesmente não funcionam. E o sistema judiciário? Venal e pecuniário. A religião? Abstrata, abjeta, arengosa, ameaçadora, aliciante, corrupta e corruptora. Como de resto todas as instituições de ensino desse país de filhos e filhas da puta. E a criminalidade? Traquejada no brilho do pó e dos diamantes. Não há ladrão pichelingue, não há meganha bôbo no país dos filhos e filhas da puta. Nego dá rasteira em cobra. Não é nem parecido com o Brasil onde um desequilibrado mental rouba um pacote de bolachas e vai pra cadeia por dois anos pra servir de exemplo. No país dos filhos e filhas da puta se roubam milhões, bilhões, e ao final do exercício "roubatório" anual todos os filhos e as filhas daputa mais proeminentes na arte do roubo se reunem na academia para a distribuição do oscar do Filho da Puta do ano. É uma festa de arromba! No país dos filhos e filhas da puta impera o mau gosto e a breguice. A feiúra. A CHINELAGEM tem status de PATRIMÔNIO CULTURAL. Lá fala-se o filhadaputês, errado merrrrmmmooo! Que é chalme, tá ligado? é bonito ser um otário no país analfabeto dos filhos e filhas da puta!
Coincidentemente (coin em inglês=moeda) este será um ano eleitoral no país dos filhos e filhas da puta. Eu, tenho dupla cidadania, e, já decidi: no dia das eleições na terra da filhadaputice vou ficar por aqui mesmo e votar com responsabilidade. Será???

7 de mar. de 2010

STULTÍFERA NAVE

ramfit.com.br



Houve um tempo quando os doutores da lei, assim ditos e jurados e convencidos, eles prórpios de suas faculdades mentais sãs - isto é percebiam uma realidade mais real do que a percebida pelos demais homens comuns. Porque atinavam. Seu tirocínio superior beirava a deidade, tal como é hoje. Uma palavra atravessada a um desses quaisquer significaria prisão, degredo, tortura, morte. Pois houve um tempo quando tais sumidades, à guisa de fazerem cumprir a justiça mandavam por á ferros todo e qualquer ser humano que demonstrasse uma, digamos assim, discordância quanto a percepção dos parâmetros convencionados como pertencentes á realidade. Assim, os loucos eram postos á força em navios velhos, tomados contra hipotecas e letras não honradas de armadores espertos.

Equipados com essa gente bendita, cuja mente tem a faculdade especial de frequentar os dois mundos a que nós por vias de sonho percebemos vez ou outra, a "stultífera nave" singrava mares jamais dantes navegados. Certo que desses mares nenhum desses navios voltou. Não consta que alguma dessas naves tenha alguma vez aportado...
Tenho dois amigos que se interessam pela questão. Dênis Petuco e Diego Silva compuseram uma ótima canção tendo como pano de fundo o tema da loucura. O NOME DA CANÇÃO? Como sempre, lapsos. Certo não hei de lembrar agora - debitem, debitem. Minha conta por certo anda por rebentar as ameias mas, debitemmais esta. Por que falei em loucura? Por me lembrar de Geogirna. Georgina tinha lá seus 55 talvez mais quando eu a conheci. Minha mãe, certa tarde me levou pela mão à casa de dona Teófila (do grego=amiga de Deus), senhora muito bondosa. Gordacha, com ar de bonachona. Vivia sózinha com a filha Georgina num chalé raso ao chão, cuja cozinha de chão batido (cousa que sempre me atraiu) tinha aspecto deliciosamente sombrio, e o chão, vítreo, duro como pedra fosse, conquanto fosse terra preta socada á exaustão. Dona Teófila serviu bolo de fubá e café com leite. Eu adorava. Adorava qualquer coisa comestível, seja dita a verdade. Do alto dos meus cinco anos, embora alfabetizado, não era nenhum gourmet. Embora não tivesse a idéia redentora de Rubem Braga que com minha idade se tornara um provador das terras de seu lugar. Pois entre um e outro bocado de broa e biscoito de polvilho Georgina surgiu.Vi aquela figurinha franzina, magra, cabelo já agrisalhado cortado á garçonne, um vestidinho simples de chita. Georgina tinha pressa. Comia bocadinhos pequenos de broa e biscoitos, me olhava de soslaio, mostrava a linguinha fina. Ria baixinho escondendo o rosto entre as mãos pequenas... Terminou ligeiro o café da tarde. Me cutucou repetidas vezes nos rins e dizia: vamo brincá diabo! Dizia isso entre risos. Não demonstrava nenhuma agressividade... No terreiro da casa de dona Teófila, Georgina munida de um pequeno tubinho decolírio corria atrás de mim espirrando águaás gargalhadas. Eu adorava aquilo. Brincava com ela tardes inteiras como antes de mim fizera quando menina minha mãe.

27 de fev. de 2010

CHORANDO AS PITANGAS

Não sou de chorar pitangas. Gosto de pitanga, daquela graúda. O inconveniente são as sementes: Exageradas em relação à fruta... Pois dias atrás meu amigo Lima Trindade editor da revista Verbo21 (revista cultural na internet - recomendo) me enviou e-mail fazendo saber estar um editor indiano interessado em um de meus contos publicados por Lima na Verbo21. O conto em questão é Toda Verdade Sobre a Criação dos Homens. Título digno do mais arengoso enredo de carnaval - bueno! O tal editor "Rakesh" - desconfio fosse o canastrão, dublê de ator na novela golbal Caminho das Índias - me enviou um e-mail em português. KKKKKKKKK. Foi essa minha reação ao tentar ler a mensagem absolutamente desconexa, desconjunta, sem sentido. O infeliz deu-se ao trabalho de, demonstrando o simplório "modus operandi" seu e de sua modesta editora de nome Blaft - num primeiro momento entendi blast: rajada de vento, explosão, ferrugem, fumaça de pólvora etc. e põe etc nisso - pra cada palavra inglesa temos dúzias de significados e classificações, como dizia antes de me perder em divagação, o desinfeliz, demonstrando total falta de preparo usou de um dicionário disponível na internet pra "traduzir" aquilo, um arremedo de linguagem ininteligível. Tudo bem. Fui compreensivo. Mandei-lhe uma mensagem em inglês - limpo, claro, objetivo. Não obtive resposta. Provavelmente Rakesh encontrou texto melhor e um escritor "mais em conta". Se o totó realmente desejava publicar meu conto na Índia onde os livros de bolso em encadernações baratas são populares e as tiragens iniciais giram na casa das centenas de milhar, talvez tenha achado dispendioso. Lógico, eu não iria liberar gratuitamente, tampouco cobraria meus direitos em Rúpias, dinheirinho sem valor no ocidente. Porém, não me interessava esfolar a Blaft editores. Interessava isso sim ser publicado em sânscrito - inglês na pior das hpóteses, pra quem sabe? dois ou três milhões de leitores indianos. Afinal, o sânscrito, idioma indo europeu é o tataravô do português, ora pois@!

21 de fev. de 2010

TIRA GOSTO

NÃO DÁ PRA DEIXAR PASSAR EM BRANCO: AINDA AGORINHA LI A DEFINIÇÃO PERFEITA A RESPEITO DE MINHA CONDIÇÃO NO CENÁRIO DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA. O RESPONSÁVEL POR ESTA FRASE É MEU AMIGO E PARCEIRO DE COMPOSIÇÃO VINÍCIUS TODESCHINI. EM SEU PERFIL NO MYSPACE VINÍCIUS LOCALIZA A SI MESMO E SEUS COLEGAS COMPOSITORES DE MÚSICA POPULAR COMO QUE SITUADOS NUMA REGIÃO VIRTUAL DENOMINADA POR ELE: "BAIXO CLERO DA MPB!" ADOREI.

HUMÍLIMO, MAS COM UM PORRETE NAS MÃOS











Há que se ter cuidado com a humildade em excesso. Certo é: as contingências da vida, as necessidades urgentes, os imprevistos nos fazem baixar a cabeça e nos prestarmos a papéis servis, muitas e muitas vezes aquem de nossa capacidade. Não é nem jamais será degredo a ninguém trabalhar braçalmente para o sustento. Tampouco vergonha será descer uma ou várias posições de status a fim de garantir a sobrevivência. A dignidade reside na postura do homem, nos empenhos e manutenção fiel desses tratados com seu próximo. No respeito e na dignidade. Todavia, a canalhice geral que permeia a visão do patrão muito procura explorar ao máximo quaisquer necessidades do empregado. Fragilidades, carências que o tornam em um trabalhador útil, obediente, servil, e, principalmente: incapaz de insurgência.

Há de se ter cuidado extremo com essas questões que envolvem a necessidade extrema de um e a vantagem de outro. Se faz necessário sempre ter em mente o respeito devido de ambas as partes mas, principalmente daquelas que detem o poder econômico. Que não subestimem seus empregados. Que não os ameacem com o desemprego ou sanções pecuniárias, que enxerguem o ser humano detrás dos olhos baixos, da cabeça baixa, porém, trazendo na mão direita, à moda ameraba, um porrete forte de camboim.