"Quando eu nasci/um anjo torto/desses que se escondem nas sombras/disse: vai Carlos, ser gauche na vida!//" Quando Carlos Drummond de Andrade concebeu o Poema de Sete Faces pensava em gente como eu... Gente etérea, gente errada, gente que nem se sabe gente. Porque o bom cabrito é bom, e porque gente boa igual ao cabrito vai ao matadouro com um sorriso. Quando Carlos Drummond de Andrade escreveu o poema pensava nos tortos avulsos. Não quis o poeta, magnânimo, ser indelicado e nomear os bois, ou os cabritos, ou as gentes, um a um. Lista interminável... Foi cândido o poeta, generoso, ofereceu-se ao holocausto de um anjo torto que de si, de seu nascimento, passou longe, e foi bater na porta daqueles a quem Aldir Blanc "denunciou" na letra de Gênesis (Parto): " Quando ele nasceu sacaram o berro/Meteram faca, ergueram ferro.../E Exu falou: ninguém se mete... Quando ele nasceu tomaram cana /Um partideiro puxou samba.../Aí Oxum falou: esse aí promete...//" Não, caros amigos & vizinhos, Carlos Drummond de Andrade não quis nunca ser indelicado. Porém eu, Maculelê dos Santos, ora vulgo Alexandre, aponto minha imagem refletida na vitrine da boutique da felicidade e digo: Põe meu nome na lista Poeta!
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