Casa d'Aldeia é a casa original, a mais antiga habitação de minha cidade natal Cachoeira do Sul. Habitação, que, igual a cidade, apesar de tantos golpes de vento e borrascas sazonais teima em manter ao menos duas paredes de pé. Casa d'Aldeia é a minha casa. Seja bem vindo a ela!
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13 de jan. de 2013

O PROFETA DO CAOS


Foto de George Orwell tirada em 1933 para a confecção de seu crachá de jornalista.



Quando o jornalista e escritor britânico George Orwell realizou sua obra 1984 certamente não vislumbrara em que se tornaria o mundo algumas décadas depois da data que intitulou seu livro. Não adivinhava a sucessão de acontecimentos que levariam a sociedade a buscar todos os meios tecnológicos à disposição a fim de manter vigilância permanente sobre os cidadãos. Não concebeu a verdadeira paranoia que se abateria sobre o mundo na virada do século XXI em tempos de Sadan Hussein, Osama Bin Laden, Alcaida, Talibãs & as contínuas rusgas no oriente médio... Contudo aí está essa série de fatos. Revoltas na Líbia, no Egito, na Síria. Os EUA tentando ainda depor Hugo Chávez. Que de forma surpreendente tem beneficiado ao povo da Venezuela... Quando George Orwell escreveu 1984 não cogitou que seu livro fosse termo de comparação com um programa ao vivo - sem pé nem cabeça - que se dispõe a mostrar a convivência de pessoas trancafiadas dentro de uma casa. Mas George Orwell não escreveu apenas 1984. O britânico Eric Arthur Blair (seu pseudônimo era George Orwell), nascido em Motihari, na Índia colonial britânica em 1903 e falecido em Londres em 1950 - precocemente vítima da tuberculose, escreveu ao todo seis romances.
Autor com forte inclinação ideológica socialista, a maioria dos livros de George Orwell marcaram pela criatividade e quase "profetização" de um futuro próximo... 1984 é um grande e atualíssimo tema de discussão. Porém, há um outro livro desse escritor que me chamou muito a atenção, se trata de A REVOLUÇÃO DOS BICHOS. No livro Orwell traça uma analogia (utilizando-se de realismo fantástico) em que os animais de uma fazenda liderados por três porcos tomam o poder. Todavia, o poder acaba por corrompê-los e suas intenções inicialmente socialistas e libertárias se transformam em despotismo, tirania e violência. De um modo geral o que se assiste na cultura popular mundial neste momento da história - em minha opinião, representa a curva negativa da dinâmica histórica em termos de criatividade e avanço (progresso) artístico e intelectual. O abastardamento do ensino. A péssima qualidade da produção cultural nas artes. Tudo sinaliza uma espécie de maré do lixo, um tsunami, que varre do mapa as conquistas da revolução cultural iniciada nos tempos do flower & power nos anos 60. A triste realidade brasileira denota ainda as mazelas de um sistema sócio político feudal. Clientelista e aristocrático. No qual um punhado detém em suas mãos o poder de oferta e de escolha sobre o que o povo deve ver, ouvir, ler. De como deve se comportar e o que deve consumir... É triste. Deprimente. Feio. Acima de tudo é pavoroso. Assistir via tv as produções paupérrimas de dramaturgia que não faz jus aos saudosos Dias Gomes, Janete Clair, Oduvaldo Vianna Filho, Nelson Rodrigues... Ouvir os desastrosos músicos sertanojos & pseudo forrozeiros abarcando espaços que pertenceram a Pena Branca e Xavantinho, Renato Teixeira, Almir Sater, Tom Jobim, Vinícius, Cartola, Elis, Gonzagão, Clara Nunes, Clementina e uma plêiade de excelentes criadores da arte popular. A verdadeira arte brasileira. Mas, que cada um escolha o seu caminho.

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