"Eu tenho um sonho" Martin Luther King Disse em seu discurso para mais de 20.000 pessoas em 28 de agosto de 1963, nos degraus do Lincoln Memorial, em Washington D.C. Aquele foi um discurso inspirado do sr. Martin Luther King abordando a problemática da segregação enfrentada pelos negros estadunidenses. Não era por acaso que ele escolhera o Lincoln Memorial para essa reunião, o presidente Lincoln foi um abolicionista, no seu mandato deu-se a guerra de secessão, e ele, Lincoln, acabou por ser assassinado.
Pois Martin Luther King naquele dia de verão na América do Norte reuniu em torno de si mais de vinte mil pessoas, na sua maioria de descendência negra, para lhes dizer que ousava acalentar sonhos. Sonhos de igualdade. Sonhos de que se pudesse dividir um pouco da prosperidade estadunidense auferida pelos brancos com as populações negras e mestiças havia muito tempo discriminadas pelo "establishment": "[...] cem anos mais tarde (depois da abolição em 1863), o negro continua a viver numa ilha isolada de pobreza, no meio de um vasto oceano de prosperidade material". Proferiu o sr. King á multidão.
Passados 121 anos da abolição da escravatura no Brasil, os negros,assim como nós mestiços, continuam sem participar dos dividendos da riqueza produzida neste país. A culpa disso é , em primeiro lugar, nossa. Não nos insurgimos, não reinvindicamos com veemência. Não nos articulamos a ponto de manter uma estrutura de luta e atuação que possibilitasse conquistas no campo social muito mais significativas do que garantir cotas para negros nas universidades.
Eu tenho um sonho. A exemplo de Martin Luther King, eu tenho um sonho. Um sonho de justiça social. Um sonho de democracia étnica. Um sonho de respeito à história e à cultura (tomada de assalto e vilipendiada pela sociedade - tornando o negro em caricatura) do povo negro. Eu tenho esse sonho acalentado há muito tempo. Porque embora minha tez amulatada não denote claramente minha etnia - como bom brasileiro sou miscigenado. Como bom brasileiro tenho esperança. Mas não vejo, infelizmente, nenhuma chance de meu sonho, a curto prazo, se concretizar.
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