Casa d'Aldeia é a casa original, a mais antiga habitação de minha cidade natal Cachoeira do Sul. Habitação, que, igual a cidade, apesar de tantos golpes de vento e borrascas sazonais teima em manter ao menos duas paredes de pé. Casa d'Aldeia é a minha casa. Seja bem vindo a ela!
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26 de mai. de 2009

CORIMBA NO ARENA

Foto: Marco Aurélio München Marques
Momento teatral... A festa no Arena (teatro de Arena em Porto Alegre) foi uma das apresentações promovidas pelo saudoso projeto artísico do jornal cultural VAIA de Porto Alegre: Projeto Música Autoral. Iniciativa do produtor cultural Fernando Ramos e de Mozart Dutra.
No improviso, Mimo Ferreira, grande percussionista adentrou ao palco. Pandeiro em punho, acompahou a mim, Giovanni Mesquita (compositor, violonista e pesquisador) e a Michael Mesquita (a máfia do clã) percussionista, compositor integrante do grupo 2 X 4 em umadas músicas da apresentação... Foi um momento mágico...

Lembro que lá da platéia oparceiro Diego Silva gritou: Alupo! Numa saudação ao Bará representado na vermelhidão dos meus trajes, a que respondi prontamente: Alupo Andê! E a noite se transformou numa corimba só!

Faz algum tempo desde esse espetáculo, mas não temam amiguinhos! Não demora a conclusão de um projeto cultural que promete (não garante kkkk)trazer à baila muito da cultura afro riograndense ora soterrada pela pressão social desta comunidade sulista votada à moda européia. E, que de maneira desavergonhada "compilou" várias tradições afro riograndenses conferindo-lhes o título "legítimo" de folclore gaúcho... Mas, já tarda o tempo de se por luz sobre esse breu. Dirimir as trevas da mentira em prol da justiça. Espero, em breve, contribuir para isso.

20 de mai. de 2009

DAS CONSIDERAÇÕES & OUTRAS MUMUNHAS

O Pensador, de Rodin: ficus.pntic.mec.es








Considerando falta de sorte, percalços por conta do acaso a da improbabilidade de que um dia assistamos alguma queda no preço da gasolina e derivados de petróleo no Brasil é mister praticarmos a autoflagelação voluntária. Para isso basta isolar-se em algum local ermo, e, munido de um látego (para quem não sabe látego é sinônimo de chicote) que pode ser confeccionado com tiras de borracha ou pequenas correntes usadas por madames grã finas para conduzirem seus cãezinhos no "promenade" diário, fustigarmo-nos masoquistamente com energia balbuciando o "mea culpa!"
Considerando a falta de educação e de respeito de nossa classe política, na demonstração clara de mau caráter de nosso povo - considerando nossa descortesia, vilania, indigência espiritual, ganância & covardia somente autoflagelação não vai dar jeito. Melhor a forca. A forca é mais garantido. Considerando a apatia geral de nosso povo, mal educado, suspensa apenas durante os anos de chumbo, época da ditadura, e depois, nos bons tempos do "fora Collor", esse um indigesto parlamentar ressuscitado, é melhor propormos a distribuição de estimulantes, gratuitamente, nos postos de saúde. Na intenção benemérita de manter abertos osolhos da população dormitante.
Considerando a carestia da educação completamente desvirtuada do ideal de construção do cidadão e sua preparação para, com uso de senso crítico, escolher e cobrar da governança pública a vergonha que lhe falta ao achacar a sociedade, roubando-nos impunemente. Melhor abrirmos concorrência para haver de uma vez uma invasão estrangeira deste feudo Brasil. Assim resolveríamos de uma vez todos os problemas. Tendo do que reclamar, nossa apatia se converteria em fúria patriótica. Havendo uma causa pela qual lutar nos veríamos livre do marasmo. Promoveríamos a catarse tupiniquim. A clava forte da justiça seria brandida por orgulho & poralgum lucro vindouro,claro. Afinal somos descendentes de Araribóia e de Sepé Tiaraju. Não esquecendo Moema e Paraguassu. As primeiras cortesãs tupis na corte de Portugal.
Considerando nossa falta de sorte e a lei de Murphy campeando à solta no rincão melhor mesmo é estender a rede, espreguiçar com longo bocejo, exclamar baixo o bordão (quase mantra) do herói Macunaíma: "Ai! Que preguiça", e fingir que esta segunda-feira jamais voltará a se repetir.

19 de mai. de 2009

NA FOSSA

Imagem: www.ellje.com
Antes se dizia: Estou na fossa! E, algumas tantas doses de uísque depois surgiam algumas canções. Como se por mágica, geração espontânea, apareciam do nada aquelas canções... Não sou desse tempo. A "fossa" não me vitimou. Sou filho da época das neuroses, depressões, distúrbios e síndromes do comportamento obsessivo compulsivo. Mas, quando estou triste me torno melancólico. Vez ou outra até recorro, não a uísque, que além de caro não é grande coisa, mas àquela cachaça de cabeça cá da terra... (Maísa foi a rainha da fossa na década de 60).
Entretanto nunca compus sob efeito de álcool ou qualquer substância entorpecente. Atribuo isso ao fato de nunca ter estado na tal "fossa" de que falavam lá pelos idos de 1975... Quase na pré-história!
Claro que passei meus apertos, engasgos & pegas para capar. Todavia, confesso não ter mínima noção do que seria, proporcionalmente falando, a tal fossa em comparação com as afecções quase "esterilizadas" cientificamente de hoje em dia. Mas, se o efeito desse tão "decantado" estado de espírito, estilo, também chamado de dor de cotovelo, incorporado às canções de autores como Dolores Duran e Lupscínio Rodrigues for compor músicas com a mesma qualidade que eles compunham não custava nada experimentar!

17 de mai. de 2009

SOCIOPATIA TEMPORAL

imagem: images.google.com.br
O tempo não tem a mínima pressa. Nós homens sofremos dessa "sociopatia". Buscamos hoje o amanhã. Invariavelmente quando o amanhã se avizinha, nós o adivinhamos um quadro feio. Desolador. Foi assim comigo quando vi abaterem uma a uma as árvores do pomar vizinho a minha casa. Uma a uma foram derrubadas em favor de um progresso inexplicável. Bergamoteiras. Abacateiros. Laranjeiras. Pereiras. Goiabeiras. Em lugar do pomar prédios comerciais. Gente barulhenta. Antes só havia o farfalhar das folhas avisando o vendaval precedendo chuva grossa e fria. Antes eu me encarapitava no galho mais alto da goiabeira em cujo tronco velho os "Mirins" haviam feito uma colméia - mel azedinho, de cheiro bom. Diferente do mel produzido pela "apis melifera", a abelha comum, o mel da Jatahí não enjoa, é suave ao paladar. E lá no alto da copa travava relações cordiais com bem te vis e sabiás chegados às frutas. Daquele posto eu observava o ir e vir das gentes no longe longe da vila enquanto o sol se punha num brasil atávico. Morrente chama como disse o poeta Mário de Andrade. No cimo da goiabeira eu podia antever meu futuro e a delícia em namorar as fadas... Mas, o tempo não tem a mínima pressa!

5 de mai. de 2009

SOBERBA VAIDADE

Imagem: images.google.com.br
Mestre Luíz Augusto Fischer, em texto publicado na recente coletânea "O Melhor da Festa" ( livro organizado por Fernando Ramos, pertinente à primeira Festipoa Literária realizada em Porto Alegre; março de 2008) afirmou que a crítica literária brasileira, noviça, imberbe (isso é grifo meu) carece de certo distanciamento por parte daqueles que se dedicam a ela. Raras são as exceções. Concordo. Isenção, seja por qual motivo for, não é uma qualidade própria do povo, principalmente o riograndense. Ou se é Ximango ou Maragato. Não há muito espaço para uma terceira convicção. Somos assim na origem. Quê fazer? Mas, voltando ao tema, mestre Fischer aborda com toda propriedade os escaninhos e desvãos por onde escoa nosso intento rumo a uma literatura (emergente) mais consistente. Alude a quantidade sobeja de publicações de toda ordem (sem o crivo austero da qualidade), coisa essa que, naturalmente, em países mais letrados, com hábito da leitura desenvolvido e sedimentado entre seus concidadãos, a literatura regularia pelo exercício senão da crítica profissional (sem querelas nem gosto pessoal envolvidos), mas pelo simples aplicar do senso crítico do leitor. Adorei o texto. Esclarecedor e ilustrativo. Assim como apreciei muitíssimo o livro, iniciativa de Fernando editor do Jornal cultural VAIA...
Contudo gostaria de, ao fazer coro com mestre Fischer, acrescentar à fórmula proposta por ele um único ingrediente, que, embora não dispensado pelo mestre - tendo-o feito constar elegantemente na subliminariedade do texto, não está posto lá de forma acintosa: A vaidade. Caríssimos; meia dúzia de amigos, confrades & vizinhos leitores de minhas garatujas. A vaidade é uma daquelas fodas que empatam, e como diz minha amiga (não posso revelar seu nome) "A gente perde tempo se produzindo. Divide a conta, e na hora do vamos ver ninguem goza!" A vaidade trunca o bom desenrolar do jogo. Senão vejamos. Certa vez conversando com meu amigo, execelente escritor, editor da verbo21, Lima Trindade, tocamos no assunto vaidade. Chegamos à conclusão que é natural todo criador, músico, escultor, escritor, etc., nutrir orgulho por suas obras. O grande problema é quando isso lhe sobe à cabeça. E, torna-se um problema ainda pior quando ele, ou ela, no intuito de obter qualquer favorecimento resolve puxar o saco do autor da obra a qual foi incumbido de resenhar. Nesse caso, torna-se a emenda pior que o soneto. Melhor seria se ele, por desafeto lhe deitasse a verrina, metesse o pau, quebrasse a louça. Mas não é o que acontece geralmente. A vaidade é uma droga destilada da soberba, do pedantismo e dessa educação deformadora do cidadão em detrimento ao humanismo e ao iluminismo de que nos fala Luíz Augusto Fischer.

3 de mai. de 2009

FOSSA SÉPTICA

Antes se dizia: Estou na fossa! E, algumas tantas doses de uísque depois surgiam algumas canções. Como se por mágica, geração espontânea, apareciam do nada aquelas canções... Não sou desse tempo. A "fossa" não me vitimou. Sou filho da época das neuroses, depressões, distúrbios e síndromes do comportamento obsessivo compulsivo. Mas, quando estou triste me torno melancólico. Vez ou outra até recorro, não a uísque, que além de caro não é grande coisa, mas àquela cachaça de cabeça cá da terra... (Maísa foi a rainha da fossa na década de 60). Entretanto nunca compus sob efeito de álcool ou qualquer substância entorpecente. Atribuo isso ao fato de nunca ter estado na tal "fossa" de que falavam lá pelos idos de 1975... Quase na pré história! Claro que passei meus apertos, engasgos & pegas para capar. Todavia, confesso não ter mínima noção do que seria, proporcionalmente falando, a tal fossa em comparação com as afecções quase "esterilizadas" cientificamente de hoje em dia. Mas, se o efeito desse tão "decantado" estado de espírito, estilo, também chamado de dor de cotovelo, incorporado às canções de autores como Dolores Duran e Lupcínio Rodrigues for compor músicas com a mesma qualidade que eles compunham não custava nada experimentar!

2 de mai. de 2009

MUSAS REBELDES

Imagem: anaisagaleria.blogspot.com
Das sete artes relacionadas, a música figura na décima terceira posição: Zebra. Todos adoram Euterpe, musa da música. Porém, poucos a levam a sério. Vai na base do: Toca uma musiquinha aí ô! E o pianista ataca Chopin. Contra o que alguém diz: - Mas toca aquela do pagodaço! E o pianista controlando sua ira, demove-se aos poucos da idéia que lhe ocorre. Promover a jihad, a guerra santa. Ir até a mesa do infiel munido d'um alfange e lhe decepar a cabeça! O pianista se concentra em pensar nas contas vencendo no próximo dia primeiro do mês...

Entre nós brasileiros a música poderia se chamar plágio & corporation - não é mole a quantidade de imitação. Muitos medalhões, astros inatingíveis dentro da música popular usaram o expediente do "copydesk"; e, esses bois tem nome, mas não digo. Construíram sólidas carreiras copiando descaradamente o trabalho de compositores estrangeiros, ou realizando manobras sutis. Pequenas arrumações: uma nota estica & puxa aqui, outro acorde suprime ou acrescenta uma nota e outra ali. E músicas de Henry Mancini, Gershwin, Cole Porter entre tantos medalhões legítimos da música internacional ganham contornos irreconhecíveis, em arranjos fabulosos quanto a demonstração da capacidade criativa do brasileiro que nasce com vocação para o improviso e para bandidagem.

Certa vez assistindo um filme com os saudosos Steve McQueen e Natalie Wood, "O preço de um prazer", de 1963, comecei a prestar atenção na belíssima trilha sonora. A trilha original para o filme apresentava como compositor Elmer Bernstein (só muito depois me interessei em saber disso), todavia, eu conhecia aquelas músicas de outro lugar. Ou pelo menos, o som daquelas belas harmonias e melodias me remetiam a peças conhecidas. Durante o filme, ainda sem saber a autoria da música, num estalo relacionei a obra a um conhecido compositor brasileiro. Entretanto, depois de saber a data do filme achei improvável, porque na data do lançamento da película, 1963; esse compositor que eu cogitei como autor das canções não havia feito sucesso no Brasil entre as camadas mais baixas da população - termômetro infalível da consagração de um artista. Por exemplo: Roberto Carlos, em que pese sua decadência como autor, chegou a compor e gravar pérolas como: "Como dois e dois", "Detalhes" e tantas mais em parceria com Erasmo ou sózinho. Roberto jamais abandonou a popularidade, visto sua consagração entre as camadas mais baixas da população brasileira, o que demandou a perpetuação do sucesso. Então, como dizia, o tal autor misterioso não havia feito a fama entre o pessoal menos culto e menos endinheirado do país. Mas, depois pensei que meu raciocínio não tinha a menor lógica. Que apesar de não ser conhecido ainda lá fora na data da filmagem ele era bem relacionado e poderia ter feito a trilha. Pensei isso até descobrir que a trilha em questão pertence ao compositor Elmer Bernstein. Aí, deixei a história toda de lado. Afinal plágio é coisa pra gênios (antigamente classificados "djins" e tidos na conta de mau caráter) e não pra otários como nós reles mortais.