Casa d'Aldeia é a casa original, a mais antiga habitação de minha cidade natal Cachoeira do Sul. Habitação, que, igual a cidade, apesar de tantos golpes de vento e borrascas sazonais teima em manter ao menos duas paredes de pé. Casa d'Aldeia é a minha casa. Seja bem vindo a ela!
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28 de nov. de 2009

SAPO BOI & OUTROS BICHOS!




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Não sei como nominar a hipocrisia humana quando ela exacerba todo e qualquer limite. Tampouco a desfaçatez reconfigurada pela falta de ética e caráter. Todavia esses comportamentos comuns a qualquer ser humano não serão ao longo dos próximos milênios alvo de correções, ou mesmo da extirpação sumária. Continuaremos a ser condescendentes com pessoas mentirosas, inescrupulosas e mesquinhas somente porque estão próximas de nós e não devemos, antes, não queremos interferir na maneira como se conduzem. Neste ponto a lógica poderia simplesmente determinar: Se o convívio de gente assim não está ao acordo da conduta que norteia a vida de alguém basta afastar-se. Todavia, no mundo primata formado de complexas relações de interdependência, nada é simples assim. E, para meu desgosto temos de aturar tipos "pestilentos", por conveniência. Porque como diz a letra de um baião interpretado por Elba Ramalho: "...A gente engole um caô/pra ser feliz/pra se arrumar/pra ter amor//". Trata-se de uma prática não condizente com os princípios "direitos". Mas que atire a primeira pedra o "primata" sapiens sapiens que nunca engoliu - em seu próprio benefício um pequeno sapo, quiçá uma perereca!

22 de nov. de 2009

BANGALAFUMENGA II: A BIENAL

A Noite Estrelada - Pintura a óleo de Vincent Van Gogh
Quando anunciam a abertura da Bienal de Arte todo mundo pensa logo: Oba! Vamos lá que é grátis. (...) Dentre os tantos contribuintes para o aguçar da sensibilidade juvenil talvez uns poucos tenham se dado conta do quão interessante seria, antes de simplesmente levar sua turma de alunos para ver a Bienal, incentivar nessas pessoas, minimamente a cultura de uma consciência crítica capacitando-as a apreciar obras de caráter abstrato. Cuja linguagem subjetiva é de tal forma hermética a ponto de tornar impossível, senão ao próprio artista, um razoável entendimento da sua intenção. Sei, não é necessário compreender no sentido racional um objeto de arte. O vínculo com a obra é dá-se pela via do sentimento, da emoção, da empatia. Uma impressão no íntimo de cada um. Contudo, a caixa de Pandora que é a mente de um artista (falo com conhecimento de causa - embora pretencioso) pode jorrar tanta bizarrice, brotar formas, linhas, traçados, texturas, enfim... Obras recheadas de indizível fealdade. Tome-se por exemplo as "instalações": Fenômeno mais ou menos recente, espaço preenchido por composições esdrúxulas. Amontoados de quinquilharias & lixo. Propostas para além do surrealismo de Dali, que, diante dessas modernidades torna-se linguagem aritimética compreensível a cretinos como eu, decorebas da taboada.
Propostas surgidas de egos criptografados, incapazes de pensar por um segundo sequer no outro: observador; apreciador; consumidor daquela forma de arte - arte??? A arte não precisa ter função. Eles dizem. Discordo.
Ferreira Gullar, Mário de Andrade, Picasso, Gaudi, Rodin, Portinari, Tarsila, Frida Kalo, Ciron Franco, Miró, Klint e milhares de outros artistas discordam veementemente desta afirmação leviana, velhaca e irresponsável. Como função primordial a arte tem a tarefa de cimentar idéias e ideais no âmago do homem, estabelecendo de maneira dialética e crítica, discussões sobre a visão que o homem tem do mundo e de si mesmo em diferentes momentos da história. Senão vejamos: o que é a Guernica de Pablo Picasso, o Abaporu de Tarsila do Amaral, as esculturas de Rodin: O Pensador, Os Burgueses de Calais? As tela de Portinari: Mulher com o Menino Morto; Marias, etc.?
Querendo ou não toda manifestação artística não se compõe por geração espontânea, tampouco se pauta pela autofagia. Isto é não pode existir por si mesma surgindo do vácuo para o nada. Ao que parece os artistas de hoje que realizam essas instalações monstruosas (monumentais) querem se eximir da opinião própria. Sua única e exclusiva intenção é provocar reações no presenciador de sua obra, seja qual for essa reação de apreço ou asco. É como se o artista pudesse terceirizar a feitura de sua arte, não se envolvendo ele próprio na confecção e nas decisões que são necessárias para sua conclusão, passo a passo. Dessa forma o artista se propõe um neutro, tão somente a fagulha que deflagra a ocorrência de tudo a volta do que ele concebeu. O discurso já não é necessário, a medida em que o artista não se utilizou de uma idéia central para realizar a obra. Mas se apesar dessa tendênncia ao "nonsense" o artista quiser afirmar que sim, que planejou a peça de arte etapa por etapa mas não previu a sua significância; estaremos diante de um embusteiro e sua obra é vazia de qualquer sentido. Sendo assim não é arte. É prática mágica, arte lobisomística. Só desencanta com bala de prata na cacunda do gaiato.
O fato é que uma peça de arte qualquer só existe a partir de um signo criado que a plasmou, referendou, tornou concreta. E sendo composta por signos pressupõe um significado qualquer na concepção do perpetrador do "crime", da obra. Não venha o esperto querer amontoar ferro velho a esmo e dizer que "cada um tem de tirar sua própria conclusão. Trata-se de uma provocação". Provocação maior é essa, o artista se recusar a por os pingos nos ís.

6 de nov. de 2009

NO TEMPO DO TELECATCH

A cena é bem comum, vou chegando no estabelecimento de um amigo e lá estão reunidos ele, um vizinho balofo que se diz segurança, e seu filho. O papo são as proezas e feitos que envolvem golpes, contragolpes & saídas magníficas do gordoninjasegurança. Relatos impressionantes de como bateu em não sei quantos e resistiu à polícia. Narrativas beirando o dadaísmo. Dignas de um paciente tresloucado de Pinel. Eu me pergunto, por quê? A resposta invariável é: cada um de nós encontra uma maneira de chamar a atenção. Uns se dedicam aos esportes, outrros como eu à música e literatura. Todos sem excessão se esmeram em, a exemplo dos corvos, encontrar objetos brilhantes para enfeitar nossos ninhos a fim de que a fêmea o aprove e nidifique conosco. Ou seja, nossas tentativas de demonstrar qualidades sejam físicas ou intelectuais encontram justificativa na necessidade de convívio social. Mas, voltando ao tema recorrente nas conversas do nosso "segurança", as escaramuças e conflitos de todo tipo. Posso dar um testemunho pessoal de alguns confrontos que por infelicidade tive de levar a termo. Os combates corpo a corpo ocorrem de maneira muito rápida. Agressões por parte de meliantes que visam subtrair algum bem de valor são extremamente rápidas e ocorrem de maneira inesperada. O tempo de reação é muito curto. Em se tratando de "punga", isto é, repelão que visa levar da vítima bolsa ou sacola, o tempo de reação da vítima é mínimo. Já a defesa contra qualquer golpe no qual o agressor se utiliza de mão, cotovelo, joelho ou pés pode ser melhor estruturada mesmo que haja o elemento surpresa. O que posso lhes relatar é o seguinte: Em qualquer desses embates, tudo ocorre velozmente. Tem-se poucos segundos para tomar decisões. Se age de maneira reflexiva conforme os movimentos do adversário e o resultado dessa ação determina a sorte da empreitada. Por algumas vezes estive envolvido em confrontos assim, e, sem nenhum orgulho ou vontade de me gabar posso dizer que me saí muito bem. Saí inteiro. Mas, aconselho a todos: não há nada de glorioso em se engalfinhar com alguém seja porque motivo for. Como dizia o velho e sábio Sun Tzu: "O guerreiro verdadeiramente sábio vence a batalha sem precisar lutar!" Parece um daqueles axiomas para os quais não há resposta. Não é bem assim...

1 de nov. de 2009

VERMELHO & COMUM



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Na terça-feira da semana passada dia 27 de outubro, aceitei o convite de minha amiga Mirian Ritzel para tomar parte na II Conferência Municipal de Cultura de Cachoeira do Sul. Muito bem. A maior parte de meus amigos, e Mirian se inclui aí, sabe muito bem sobre as ideologias e princípios filosóficos, sócio-políticos e morais que defendo. Então, se sabem disso, também estão cientes de que como um cidadão socialista e democrata eu não me rendo às idéias aventadas por outrem sem as debater. E, principalmente, mesmo em discordando delas defenderei (conforme o princípio iluminista de Voltaire) o direito de meu próximo à essas convicções que eu porventura julgue errôneas. Bueno! Pois estava eu lampeiro e pimpão sentado bonitinho numa das primeiras filas do pequeno auditório da Casa de Cultura, que antes pertencia à Faculdade de Artes Santa Cecília, casa acolhedora da qual tenho muita saudade. Pois, lá estava eu numa conversa amiúde antes do início do evento, quando minha interlocutora, para meu espanto e decepção, pois se trata de uma senhora respeitável e aparentemente cosmopolita, em dado momento me diz que não acredita que "os negros tenham capacidade para desenvolver a África!" Naquele momento eu me senti um foguete russo do tipo Vostok V lançado de Baikonur direto pros cornos da Lua. Engoli seco... Argumentei que isso não é verdade, afinal a civilização ocidental, pelo que sabemos iniciou no Egito antigo. E por culpa dos países europeus que nos últimos quinhentos anos exploraram o continente africano de forma estúpida e predatória, a África se havia transformado numa colcha de retalhos política. Onde etnias rivais se viam encerradas dentro de fronteiras geográficas não condizentes com sua trajetória histórica, ou seu modo de vida, sua herança cultural e domínios territoriais. E daí surgiam os conflitos. Qual nada. Nada demoveu a "bondosa" senhora de sua idéia sobre a incapacidade dos negros. Afinal tratam-se de negros, não é mesmo? E conforme Lombroso & Franz Gall a aparência, o biotipo de uma pessoa fala por si só, determinando inclusive seu caráter e justificando todos os desvios de seu comportamento. Diante da convicção daquela senhora perversa e facista resolvi conter minha indignação.
Talvez a essa altura de sua vida, na reta final, seja impossível debelar à força de argumentos os arremedos de idéias e teorias descabidas que dormitam no seu consciente. Pensamentos tolos sobre a supremacia de uma etnia sobre a outra. Prevalência de uma "raça", como ela mesma referiu-se genericamente ás diversas etnias africanas, de matriz ariana. Nada além de ilusões perigosas forjadas no intuito de justificar a barbárie e o roubo puro e simples da riqueza dos povos que habitam aquele continente. Nada há que sirva de prova em favor da suposta superioridade ocidental e "branca" frente às populações oprimidas cujo único defeito, dentro da ótica distorcida de uns doidões que andam sobre este mundo e são irresponsáveis a ponto de propagarem essas bobagens, é terem nascido com maior pigmentação sobre a pele que guarda nosso sangue vermelho em comum.