Casa d'Aldeia é a casa original, a mais antiga habitação de minha cidade natal Cachoeira do Sul. Habitação, que, igual a cidade, apesar de tantos golpes de vento e borrascas sazonais teima em manter ao menos duas paredes de pé. Casa d'Aldeia é a minha casa. Seja bem vindo a ela!
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1 de nov. de 2009

VERMELHO & COMUM



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Na terça-feira da semana passada dia 27 de outubro, aceitei o convite de minha amiga Mirian Ritzel para tomar parte na II Conferência Municipal de Cultura de Cachoeira do Sul. Muito bem. A maior parte de meus amigos, e Mirian se inclui aí, sabe muito bem sobre as ideologias e princípios filosóficos, sócio-políticos e morais que defendo. Então, se sabem disso, também estão cientes de que como um cidadão socialista e democrata eu não me rendo às idéias aventadas por outrem sem as debater. E, principalmente, mesmo em discordando delas defenderei (conforme o princípio iluminista de Voltaire) o direito de meu próximo à essas convicções que eu porventura julgue errôneas. Bueno! Pois estava eu lampeiro e pimpão sentado bonitinho numa das primeiras filas do pequeno auditório da Casa de Cultura, que antes pertencia à Faculdade de Artes Santa Cecília, casa acolhedora da qual tenho muita saudade. Pois, lá estava eu numa conversa amiúde antes do início do evento, quando minha interlocutora, para meu espanto e decepção, pois se trata de uma senhora respeitável e aparentemente cosmopolita, em dado momento me diz que não acredita que "os negros tenham capacidade para desenvolver a África!" Naquele momento eu me senti um foguete russo do tipo Vostok V lançado de Baikonur direto pros cornos da Lua. Engoli seco... Argumentei que isso não é verdade, afinal a civilização ocidental, pelo que sabemos iniciou no Egito antigo. E por culpa dos países europeus que nos últimos quinhentos anos exploraram o continente africano de forma estúpida e predatória, a África se havia transformado numa colcha de retalhos política. Onde etnias rivais se viam encerradas dentro de fronteiras geográficas não condizentes com sua trajetória histórica, ou seu modo de vida, sua herança cultural e domínios territoriais. E daí surgiam os conflitos. Qual nada. Nada demoveu a "bondosa" senhora de sua idéia sobre a incapacidade dos negros. Afinal tratam-se de negros, não é mesmo? E conforme Lombroso & Franz Gall a aparência, o biotipo de uma pessoa fala por si só, determinando inclusive seu caráter e justificando todos os desvios de seu comportamento. Diante da convicção daquela senhora perversa e facista resolvi conter minha indignação.
Talvez a essa altura de sua vida, na reta final, seja impossível debelar à força de argumentos os arremedos de idéias e teorias descabidas que dormitam no seu consciente. Pensamentos tolos sobre a supremacia de uma etnia sobre a outra. Prevalência de uma "raça", como ela mesma referiu-se genericamente ás diversas etnias africanas, de matriz ariana. Nada além de ilusões perigosas forjadas no intuito de justificar a barbárie e o roubo puro e simples da riqueza dos povos que habitam aquele continente. Nada há que sirva de prova em favor da suposta superioridade ocidental e "branca" frente às populações oprimidas cujo único defeito, dentro da ótica distorcida de uns doidões que andam sobre este mundo e são irresponsáveis a ponto de propagarem essas bobagens, é terem nascido com maior pigmentação sobre a pele que guarda nosso sangue vermelho em comum.

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