Casa d'Aldeia é a casa original, a mais antiga habitação de minha cidade natal Cachoeira do Sul. Habitação, que, igual a cidade, apesar de tantos golpes de vento e borrascas sazonais teima em manter ao menos duas paredes de pé. Casa d'Aldeia é a minha casa. Seja bem vindo a ela!
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20 de dez. de 2009

BANGALAFUMENGA DE NATAL!

saudesabervirtude.blogspot.com
Joshua, shalom! No ocidente dizem chegar a data de teu aniversário, a propósito, foi Gregório XIII quem decidiu isso; há tanto tempo. Todavia, poucos falam em ti amorosos, amistosamente. Em teu lugar figura um velho gordo de barbas e cabelos longos, brancos, metido em traje vermelho, luvas brancas, botas pretas e barrete encarnado. Esse é ansiosamente esperado. Para tua tristeza Joshua os vendilhões não se contentam em mercanciar a fé e a desgraça fora das paredes do templo, eles os invadiram. Aliás, tais vendilhões edificam seus próprios templos e falam em teu nome Joshua. Enquanto cá no ocidente, no dia de natal, todas as crianças aguardam ansiosas os presentes trazidos pelo velho metido em vestidos vermelhos chamado papai noel.

Joshua! Joshua Ben Yousef - filho do carpinteiro. Em comum contigo tenho pouco: Um quarto do antigo sangue castiço semita/negróide da casa de David, a pobreza material, o gosto pelo vinho e o amor pelos amigos... Hoje Joshua, ao olhar num retrato a suposta reprodução da tua face, fui tomado por estranheza. Vi naquela imagem (apesar do réprobo de teu pai) uma estampa diferente da dos homens de nosso povo amorenado pelo sol e pela mescla com os do deserto a sudoeste de tua Galiléia. No retrato me deparei com um jovem de longos cabelos loiros reticulados, olhos azuis, tez pálida e feições muito distintas das nossas. Não pude mesmo crer fosse fiel a tua imagem...

Joshua, meu amigo, às vezes me indago o motivo para tantos doutores em teologia negarem à tua mãe - esposa de teu pai Yousef, o carpinteiro, o direito à simples maternidade. Como se o ato de parir lha degradasse. Como se não pudesse ser esposa e mãe igual a tantas outras mulheres. Não compreendo Joshua omitirem a existência de teus irmãos, ou de tê-los convertido espertamente em "primos". Transformando teu pai num asceta, tua mãe em virgem, teus irmãos em "primos", tua esposa em "silêncio" ou em prostituta. Joshua! No dia do teu aniversário um homenzinho celibatário dito teu representante, coberto em púrpura e ouro, cuja cabeça ostenta a mitra do deus persa, ajoelha-se ante um altar suntuoso. Para, segundo ele próprio: orar pela humanidade, principalmente pelos mais necessitados no intuito de lhes confortar o espírito. Como poderia ser isso Joshua? Como esse homúnculo investido de poderes seculares falando desordenadamente em teu nome poderia levar alívio e conforto aos desvalidos sem seguir os teus passos, sem aproxirmar-se deles, sem tocá-los, sem amá-los sem compadecer-se a ponto de se entregar? Como poderia esse falso profeta seguir os teus passos se o fardo às suas costas é de ouro e prata pesados? Seria capaz esse homúnculo ridículo de seguir o teu conselho ao homem rico quando esse veio diante de ti, e, respondendo a sua pergunta disseste: "- Volta, vende tudo que tens e dá aos pobres, e haverás de ter um tesouro no céu!"

Não compreendo Joshua como tal homenzinho intitulado teu representante, metido em vestidos luxuosos não segue o preceito de seu mestre. Desconheço quais motivos levam a ele e seu colegiado principesco a justificarem a posse de tanta riqueza afirmando ser necessária a fim de poderem praticar a caridade. Não deveriam esses homens congregar o povo a fim de ajudarem-se mutuamente vivendo e trabalhando em comunhão? Do teu ensinamento não deveriam simplesmente dizer: "- Amai-vos!" (?)

Jamais ouvi da boca desse homenzinho e de seus predecessores palavras claras em favor do povo. Tão somente exortações ao dever, à obediência às leis da igreja (cânone), ameaças, prescrições aos casais sobre títulos absurdos como se ainda vigisse o tempo da inquisição quando podiam esses homens mandar ao fogo quem quisessem.

Perdoa-me amigo! Não pretendo amuar-te no teu aniversário. Quem sabe? Algum dia a maioria dos homens, mesmo os descrentes como eu (e seja vergonha para os crentes um ateu dizer tais coisas) se recordem de comemorar contigo ao invés de esperarem a vinda do papai noel!

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